Projeto Vila Ativa 2014

30_04_2014

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Por Rogê Carnaval

Entrei para o Vila Ativa, pois tinha interesse em saber como funciona o transporte
público na cidade. Então, decidi participar das discussões e aprofundar meus
conhecimentos sobre esse tema.
Victoria Souza, aluna do 8º ano

Em 2014, o antigo Projeto Social, que há muitos anos vem sendo desenvolvido com os 8ºs e 9ºs anos do Ensino Fundamental 2 foi reformulado, dando origem ao “Projeto Vila Ativa”.

A proposta do “Vila Ativa” é aliar pesquisa e ação. Esse é um grupo que aprofunda o conteúdo do curso de Política e Sociedade (PS), trabalhado e discutido nos 8º e 9º anos: “Democracia”, “O ser político” e o lugar do jovem nesse contextoO tema escolhido para o 1º semestre de 2014 foi transporte público. Para aprofundarmos a investigação do tema, nas nossas reuniões semanais temos lido textos que ajudam nossos estudantes a compreender melhor a questão do financiamento do transporte público urbano nas cidades brasileiras.

Para entrar em contato mais direto e aprofundado com o tema de investigação, fizemos nossa primeira saída a campo, que relatamos a seguir.

No último dia 31 de março, o grupo que tem frequentado assiduamente as reuniões do “Vila Ativa” 2014 estava a postos, pronto para a missão do dia: ir de transporte coletivo até a sede da subprefeitura do Butantã.

Como preparação prévia, na reunião da semana anterior, confrontamos os mapas do Google Maps, com indicações do caminho mais curto entre a unidade Butantã da Escola da Vila e a sede da subprefeitura, com os trajetos indicados pelo site da SPTrans.

A SPTrans nos indicou um percurso que nos levaria da unidade Butantã até o Rio Pequeno, onde deveríamos saltar e apanhar outro ônibus até a sede da subprefeitura, localizada no bairro Peri-Peri. Optamos, no entanto, por outro trajeto, que conhecemos melhor: um ônibus até a estação Butantã do metrô, e outro que seguisse de lá até a subprefeitura, pela av. Eliseu de Almeida.

Contrariando as estatísticas (e as expectativas), atravessamos a av. Corifeu de Azevedo Marques, e um ônibus que nos levaria até nosso primeiro destino estava estacionado, com a rampa de acesso para deficientes acionada, e o motorista estava auxiliando uma cadeirante.

Rapidamente, chegamos ao nosso destino. Saltamos na altura do Supermercado Padrão, na av. Vital Brasil, e caminhamos até a rua Camargo, onde dobramos e seguimos caminhando até o local do ponto de ônibus daqueles coletivos que seguem pela Eliseu de Almeida.

Pedimos que reparassem que entramos em um ônibus menor (micro-ônibus), que não tinha cobrador. Por sinal, era dirigido por uma mulher, o que chamou a atenção do grupo. Detalhe: não esperamos nem 30 segundos pelo ônibus, que estacionou tão logo chegamos ao ponto. Realmente estávamos sortudos naquele dia!

O trajeto pela av. Eliseu de Almeida chamou a atenção do grupo pela rapidez (em menos de 10 minutos estávamos desembarcando próximo ao Makro). E, também, pela péssima condição do asfalto naquela avenida, que propiciou uma viagem desconfortável, excessivamente barulhenta, e com muito balanço.

A caminhada até a sede da subprefeitura não durou mais que 5 minutos.

Esclarecemos que aquele era um espaço em que muitos serviços aos cidadãos estavam à disposição, mas também era o lugar de trabalho de técnicos da Prefeitura, que não necessariamente fazem atendimento ao público. Propusemos um olhar rápido sobre os mapas e fotografias aéreas expostas logo na entrada da subprefeitura.

Em menos de 10 minutos no local, fomos abordados por um funcionário muito simpático, sem nenhuma identificação. Apresentamos a razão de estarmos ali. Ele se interessou pela nossa história, mas disse que estávamos no lugar errado! Se queríamos saber sobre política pública de transporte, deveríamos procurar a SMT (Secretaria Municipal de Transportes). Foi a um computador instalado na praça de atendimento e nos trouxe, anotado em um papel informal, o endereço da SMT: rua Boa Vista, 236.

Parabenizou o grupo pela realização do trabalho, e se despediu. O grupo o abordou novamente: “Mas e aquela plaquinha ‘SPTrans’ ali? Não é de transporte a SPTrans?”. O servidor público disse que sim, mas que ali só se emitia carteira do Bilhete Único Idoso, que garante a gratuidade aos maiores de sessenta anos de idade. Ele nos disse, então, que deveríamos ir até o guichê buscar informações sobre o que se realizava ali.

O grupo foi à fila, esperou a vez e perguntou a outro servidor público ali presente o que se fazia naquele guichê. A informação que nos foi passada pelo primeiro funcionário foi repetida. Perguntamos se ali não se fazia queixa ou sugestão sobre o transporte por ônibus em nosso bairro. “Não”, foi a resposta que obtivemos.

Nesse momento, o grupo pareceu esmorecer um tantinho. Fizemos, então, um convite: vamos conhecer melhor a subprefeitura, já que aqui estamos! Mostramos a sala da Defesa Civil e perguntamos se alguém sabia do que se tratava. Todos do grupo responderam negativamente. Explicamos brevemente. Subimos as escadas à procura de água potável, a fim de amenizar o efeito do forte calor que fazia no dia.

Como eu, Rogê, havia trabalhado na subprefeitura, tinha alguns conhecidos lá que me reconheceram. Foi quando perguntei a um deles se não havia ninguém que pudesse nos auxiliar nessa pesquisa dos alunos.

“Ah, você já foi na sala do ‘Desenvolvimento e Planejamento Urbano’? Procura a Solange!”

Para nossa surpresa, Solange também é mãe de aluno da Escola. Elogiou muito o projeto e a proposta. E recomendou que procurássemos Márcia Gregori, também mãe de aluno da Escola, que acaba de ser eleita para o Conselho Participativo, tendo como foco a discussão sobre mobilidade urbana.

Despedimo-nos das pessoas que nos atenderam muitíssimo bem e iniciamos o percurso de volta. Novamente foi fácil, mas não tanto quanto a ida. O grupo observou que na av. Eliseu de Almeida existem os ônibus intermunicipais, que custam mais. Em menos de 10 minutos apanhamos o ônibus com destino ao metrô. Sem trânsito, mais 10 minutos, e lá estávamos. Caminhamos até o Supermercado Padrão, onde apanhamos o quarto e último coletivo que nos deixou na esquina da avenida Corifeu de Azevedo Marques com a rua Barroso Neto.

Essa experiência será agora relatada pelo grupo aos demais estudantes de 8os e 9os anos, nas aulas semanais de PS.

Em breve, relataremos aqui mesmo, pelo blog, os próximos passos da jornada dos nossos estudantes, que certamente envolverá contatos com especialistas sobre o assunto, em busca de respostas ao tema da mobilidade urbana no nosso município.

Seguem depoimentos de alguns dos estudantes envolvidos no Projeto!

Eu entrei para o grupo do Vila Ativa pois as minhas amigas haviam falado que as
discussões eram interessantes, e porque eu gostaria de me aprofundar no assunto
discutido no grupo: o transporte. Essa discussão é bem atual e estão ocorrendo
diversas mudanças que dizem respeito a ela, então decidi entrar para o grupo e
entender mais sobre como funciona e se organiza o transporte em nossa cidade.
Nina Ayumi, aluna do 8º ano 

Uma das coisas que mais me chamou a atenção no nosso trajeto de ônibus da unidade
Butantã da Escola da Vila até a subprefeitura foi a duração do percurso [...]. E isso me
impressionou muito porque o mesmo trajeto que um trabalhador faz todo dia para chegar ao local de trabalho, de ônibus, levaria a metade do tempo se fosse percorrido por um transporte privado, ou seja, o carro.
Julianna Ochialini, aluna do 8º ano 

O que mais chamou minha atenção na nossa ida à subprefeitura foi o fato de que, quando nós estávamos indo para o ônibus, uma senhora incapacitada de andar, que estava na cadeira de rodas, não teve muitos problemas para subir no veículo, com o auxílio do motorista e de uma "máquina". Ela subiu e não pagou o preço da passagem, por conta de sua incapacidade, o que eu acho muito importante, pois assim o governo influencia pessoas, mesmo que incapacitadas, a andarem de transporte público.
Luiza Barbosa, aluna do 8º ano