Mais uma vez, Rosely Sayão credita às escolas, de um modo geral, o fracasso do modelo educacional praticado em nossa sociedade.

14_05_2014

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Por Sônia Barreira

Qualquer educador que leu ontem o texto de Rosely Sayão sentiu vontade de gritar: “Não, não é assim em todas as escolas!”.

Já virou chavão pouco inteligente dizer que a escola é uma instituição que não muda. É mentira! As escolas mudaram muito. Os professores procuram novas estratégias de ensino, se aproximam dos interesses de seus alunos, incentivam o protagonismo, a ação mental e a criatividade.

Os professores já entenderam que seu trabalho individual não produz todos os frutos que desejam e articularam seus trabalhos aos dos colegas, procuram conexões entre as disciplinas, atividades fora dos muros da escola, interações entre os alunos de diversas idades, rompendo com a divisão em séries tão rígida no passado.

As escolas incorporaram as tecnologias e aprenderam a potencializar as múltiplas linguagens, entenderam o papel das representações visuais e trabalham com linhas do tempo, mapas conceituais e esquemas que ajudam os alunos a, autonomamente, representar as aprendizagens e dominar os conceitos que antes eram apenas explicados e exercitados.

Há equipes de professores que desenvolveram pautas de revisão diferenciadas para contemplar a heterogeneidade das turmas, e entenderam como essa pode ser uma vantagem pedagógica. Favorecem a cooperação, em muitos sentidos, que vai além da ajuda mútua e chegam à escrita colaborativa, à apresentação de seminários, a debates aprofundados.

Todo mundo já entendeu que as lições de casa são uma forma de estender o pouco tempo de escola que os alunos têm, e garantir um trabalho individual de preparo para as atividades, que podem ser muito interessantes e vinculadas à construção coletiva do conhecimento. Ninguém acha que os professores devem se responsabilizar pelas atividades escolares que são feitas em casa, nem que os pais devem, como no passado, lavar as mãos sobre o processo de aprendizagem dos filhos. Todo educador que se preze já compreendeu que os distintos contextos de aprendizagem devem ser articulados, transpostos, negociados. A aprendizagem formal, informal e não formal são processos vividos pelos mesmos sujeitos.

Hoje, os alunos são mais ouvidos, mais acolhidos, mais atendidos e melhor educados.

Mas isso não dá Ibope a jornal, e a colunista prefere, ano após ano, generalizar indevidamente o que pensa que acontece nas escolas, iludir os pais leigos que embarcam em sua credibilidade construída pela força da Folha de S. Paulo, e deixar de reconhecer e discutir aquilo que é expressão significativa de boas práticas pedagógicas, realizadas em MUITAS escolas PRIVADAS, que não têm subsídio governamental nem renúncia fiscal de nenhum tipo para fazer seu trabalho sério, consistente e desconhecido, ao menos da colunista.

“A escola só contribui com 30% no desempenho escolar dos seus alunos”, afirma a especialista, e incentiva, em seguida, os pais a não colocarem mais seus filhos nas instituições escolares!!! Interessantes dados − ainda que sem fonte nem referência −, mas impactantes. A quem devemos creditar os restantes 70%, e em que circunstâncias isso ocorre? Não, isso não parece importante para a colunista, mais importante é criar as suas frases de efeito, ainda que com elas difame um número imenso de educadores de qualidade e de escolas inovadoras e competentes.

Agora, cá entre nós, senhoras e senhores que vivem no chão da escola, que vivem a rotina das descobertas, da dedicação e da construção de conhecimento diário, nós que vivemos a superação, o crescimento, o desenvolvimento de nossos alunos, nós que nos aliamos aos pais, que trabalhamos em equipe, que estudamos e compreendemos cada vez mais os aspectos técnicos de nosso trabalho. nós, que vamos além da transmissão de informação e que inventamos uma instituição viva e cheia de energia, nova, diferente a cada ano, melhor a cada momento, cheia de desejo e acolhimento. Nós, que conhecemos o sentido da vida dentro da escola, como nos posicionaremos quando se referirem assim ao nosso trabalho?

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