A importância das experiências vividas na infância

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Por Daniela Munerato

Histórias são fundamentais na nossa vida! Histórias para contar, para lembrar, para construir um percurso, uma vida. É pena que num mundo tão tecnológico tantas oportunidades de experiências se percam em função dos video games ou dos joguinhos sempre à mão nos celulares ou nos tablets. Eles saem das bolsas dos adultos como entretenimento para as crianças, em diversas situações, em que os adultos não sabem o que fazer: à mesa dos restaurantes, no trânsito, em diversos lugares. Quando éramos crianças saíam das bolsas de nossas mães as folhas para desenhar, um brinquedo para montar ou simplesmente algo para brincar, como um bonequinho. Fora isso, brincávamos de achar nas ruas carros de determinada cor, inventávamos adivinhas e histórias a serem completadas, cantávamos. Era muito divertido!

Precisamos de experiências para contar, experiências realmente vividas, não virtuais. Que elas não se percam, mas encantem e sejam motivo de reuniões familiares, de muitas risadas, e a certeza de um tempo que passou e deixa marcas importantes. E, ainda, que um dia poderão ser lembradas ou até mesmo ensinadas a alguém, quem sabe, até muito tempo depois de terem acontecido.

E a tecnologia? Que venha sim, em favor de muitas situações, em seu tempo e contexto, considerando a criança sem precisar substituir brincadeiras motoras, coletivas ou simbólicas, tão apreciadas e importantes nessa fase do desenvolvimento.

Penso que o momento de parque na escola, hoje, mais do que nunca, representa o que era para nós o quintal da nossa casa, uma oportunidade de exploração sem fim, de brincadeira. Segue um pequeno trecho de observação:

“Uma criança abaixada no tanque de areia segura, com olhos curiosos, uma pedrinha que acaba de ser encontrada. Ao sol a pedrinha brilha sob a poeira e logo é revelada como tesouro. Considerando que no pensamento da criança tudo precisa ser compreendido em poucos minutos, ouvem-se histórias de piratas ou o desejo de encontrar outros tesouros no mesmo espaço.

Também na areia outra criança observa atentamente o caminho das formigas e inicia seu relato informando que se trata de uma grande família tentando encontrar sua casa. Quem vai à frente? A mãe, pois precisa cuidar dos filhos.

As formigas são repentinamente molhadas com a água que vaza dos furinhos da peneira de uma criança que caminha rapidamente até o tanque de areia. A intenção era que a mesma água chegasse ao bolo de aniversário que esperava uma cobertura de chocolate. Que pena! A água virou mar de formigas e na rampa muitos observam o caminho da água descendo e traçando linhas inesperadas.

E quando a água não é mais motivo de atenção, já estão impressionadas com o tamanho das bolhas de sabão sopradas por alguém próximo ou em um avião que acaba de passar.”

Sim, é tempo de retomar condutas importantes como ouvir, esperar, observar, no momento corrido no qual vivemos e inserimos nossos pequenos. Ter um tempo para pensar o que se deseja fazer, olhar espaços, inventar, encontrar pessoas, aprender brincadeiras, descobrir sons. As crianças têm a imaginação muito aguçada, precisam de pouco para inventar. Basta dar o tempo. Que venham as experiências e as histórias, e que os adultos consigam favorecê-las.