A força da formação em inglês

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Alunos do 1º ano do Ensino Médio lendo Catcher in the Rye

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Por Sandra Baumel Durazzo

A visão clássica dos cursos de inglês, e, portanto, a forma como se costuma medir o conhecimento desse idioma, passa pela nomeação de uma série de regras gramaticais. Assim, considera-se que sabe inglês aquele que enumera a quantidade de unidades da gramática sobre as quais já fez listas de exercícios.

Fazer um recorte curricular para esta área requer estabelecer opções de referenciais teóricos e modelos de proficiência alinhados aos objetivos formativos da escola como um todo. Os nossos alunos são preparados para compreender e intervir na sociedade de maneira responsável, justa e solidária. E aprender línguas estrangeiras é uma potente maneira de promover a compreensão da diversidade existente dentro e fora das comunidades. Paralelamente, é necessária uma reflexão sobre o papel da língua inglesa no mundo atual. Por ser hoje o idioma oficial das interações internacionais de qualquer natureza, a fluência em inglês permite aos jovens interagir com membros dessas comunidades internacionais, receber informações e produções culturais, e expor suas ideias fazendo-se compreender.

A meta, então, é formar usuários competentes. Mas o que significa competência linguística? Quais os critérios para definir os parâmetros de excelência?

Na definição de competência linguística, as teorias sobre linguagens tendiam a centrar-se em habilidades linguísticas e componentes. As habilidades englobam escuta, fala, leitura e escrita, e os componentes de conhecimento englobam gramática, vocabulário, fonética e ortografia. Esses modelos não indicavam como as habilidades e o conhecimento se integravam. Eles não consideravam a competência do “outro” em uma conversação. Em uma situação de comunicação real, há negociação de significado entre duas ou mais pessoas. Envolve antecipação de como o ouvinte responderá à sua fala, entendimento e mal-entendidos, algumas vezes, adequação da própria linguagem para garantir a compreensão, e relações de diferentes ou similares graus de poder e status. A consequência direta dessa abordagem ampla de competência é a inclusão de aspectos culturais no currículo, como estudo de autores e obras literárias representativas da língua inglesa oriundas de diversos países do mundo; o aprofundamento de temas curriculares de outras áreas do conhecimento por meio de estudo usando fontes originais em inglês; o contato com falantes proficientes por meio de convidados e intercâmbios virtuais; e os projetos comunicativos e de investigação que colocam os alunos em contato com produções de diferentes áreas, disponíveis em inglês.

Os parâmetros para avaliação da excelência dos nossos alunos baseiam-se em referenciais internacionais usados também pelos testes internacionais conhecidos como Toefl, Ielts e Cambridge. Esses descritores confirmam a opção curricular adotada no sentido de desenvolver capacidades de comunicação, focar em práticas de linguagem usando o idioma estrangeiro e colocar o aluno ativo como centro dos cursos. Por exemplo, considere-se o descritor de proficiência escrita do Marco Comum Europeu para Ensino de Inglês: “Espera-se que o aluno seja capaz de escrever textos claros, detalhados, sobre uma variedade de assuntos relacionados com temas conhecidos, sintetizando e valorando argumentos e informações provenientes de um extenso número de fontes.”. Analisando essa descrição, percebe-se que a meta de escrita é fazer com que os aprendizes saibam reconhecer ideias apresentadas por outros falantes, selecionar intencionalmente informações, posicionar-se frente a pontos de vista, etc., e articular tudo isso em um texto escrito de autoria. Isso pode parecer estranho àqueles que seguem a visão simplista de que escrever bem significa apenas usar corretamente determinadas regras gramaticais, ou seja, apenas um dos múltiplos aspectos da competência linguística. Esse exemplo mostra que um currículo eficaz necessita apresentar aos alunos desafios que os coloquem nessa posição crítica, ativa, quando estão diante de uma proposta de escrita em inglês. A mesma abordagem é válida para as outras habilidades discursivas e usada nas escolhas curriculares.

Os alunos da Escola da Vila recebem com tranquilidade propostas complexas como ler clássicos da literatura inglesa; discutir temas como a definição de fome e nutrição; assistir a uma TED talk de 25 minutos tomando notas para depois escrever um resumo; realizar seminários explorando a linguagem do cinema; compreender as particularidades da sonoridade da língua explorando o dicionário ou fazendo comparações; enfim, uma lista interminável de situações nas quais se percebe o protagonismo dos alunos no controle do uso do idioma.

A força da formação em inglês na Escola da Vila está refletida na apropriação do conhecimento pelos alunos. E, claro, no orgulho da equipe ao conviver com eles nas aulas e saber de suas conquistas pelo mundo após sairem da escola.