João Cabral de Melo Neto

por Lucas Meirelles

João Cabral de Melo Neto completaria 100 anos agora em 2020. E é mais um da série dos homenageados do 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia!

O poeta pernambucano, nascido na capital Recife, foi também um diplomata, morando e servindo como cônsul em diversas cidades da Europa, África e América do Sul, ao mesmo tempo que era poeta. Publicou seu primeiro livro, Pedra do sono, aos 22 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Sua poesia começou com um certo surrealismo, mas foi se modificando com a linguagem e ritmo das palavras, que acabaram dando tons regionalistas e universais.

Seu poema Morte e vida Severina (1955), foi posteriormente musicado por Chico Buarque e transformado em filme e peça de teatro. E é talvez sua obra mais conhecida e estudada.

Foi também membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 37. Ganhou duas vezes o prêmio Jabuti de poesia, em 1967 e 1993, e, em 1990, o prêmio Camões, a premiação máxima da literatura em língua portuguesa. Faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 1999, aos 79 anos.

Os livros que temos em nossas bibliotecas são:

sobre João Cabral:

  • BARBOSA, João Alexandre. João Cabral de Melo Neto. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. 105 p. (Folha explica ; 25). ISBN 9788574022888.

e de sua autoria:

  • MELO NETO, João Cabral de. O artista inconfessável. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 199 p. ISBN 9788560281206.
  • MELO NETO, João Cabral de. O cão sem plumas: e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 200 p. ISBN 9788560281190.
  • MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. xxii, 385 p. ISBN 8520908489.
  • MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 294 p. ISBN 9788560281442.
  • MELO NETO, João Cabral de. A escola das facas: Auto do frade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 196 p. ISBN 9788560281565.
  • MELO NETO, João Cabral de. Ilustrações para fotografias de Dandara. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. 31 p. ISBN 9788539001712.
  • MELO NETO, João Cabral de. Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. 4. ed. São Paulo: Global, 1994. 231 p. (Os melhores poemas; 17). ISBN 852600025x.
  • MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina: auto de Natal pernambucano. Ed. especial. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 108 p. ISBN 9788556520203.
  • MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida Severina: e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 169 p. ISBN 9788560281329.
  • MELO NETO, João Cabral de. Poemas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. 239 p. (Para ler na escola). ISBN 9788573029628.
  • MELO NETO, João Cabral de. Sevilha andando: poesia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 84 p. (Poesia brasileira). ISBN 8520901905.

Clarice Lispector

por Lucas Meirelles

 

Apresentamos agora mais uma centenária de 2020, homenageada no 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia: Clarice Lispector!

Clarice, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector, não é brasileira nascida, mas naturalizada. Nasceu em 1920, na cidade de Chechelnyk, na então República Popular da Ucrânia, hoje apenas Ucrânia.

Em 1922, por conta da Guerra Civil Russa e da perseguição aos judeus, ela e sua família chegam ao Brasil, em Maceió, Alagoas. Ficam por pouco tempo e se mudam para Recife, no Pernambuco, onde ela cresce até seus quatorze anos. Depois do Pernambuco, muda-se, com seu pai e suas irmãs (sua mãe havia falecido em 1930) para a capital Rio de Janeiro.

Cursou Direito na Universidade do Brasil (atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro) e já dava sinais que a literatura iria tomar a sua vida. Antes de escrever seus famosos contos, novelas, crônicas e romances, se aventurou antes em traduções e escritos para jornais.

Seu primeiro livro, Perto do coração selvagem (1943), é um romance que já traz sua marca de narrativa introspectiva, conquistando a crítica e também o Prêmio Graça Aranha em 1944, como melhor romance de estreia. Em janeiro de 43 ela se casou com o diplomata Maury Gurgel Valente, iniciando uma vida de muitas viagens e culturas por diversos países. Teve dois filhos Pedro Lispector Valente (1948) e Paulo Lispector Valente (1953). Entre casamento, viagens, filhos, fim de casamento e volta ao Brasil, Clarice continua escrevendo para jornais e lança alguns livros de contos, como Laços de Família (1960), Felicidade Clandestina (1971) e romances como A Cidade Sitiada (1949), A Paixão segundo G.H. (1964) e Água viva (1973). Sua última novela, lançada em vida, foi A Hora da Estrela (1977). Um tempo depois dessa publicação, ela foi hospitalizada com a detecção de um câncer de ovário, falecendo no final desse ano. Seus livros ganharam prêmios e alguns foram adaptados para teatro e cinema.

De Clarice e sobre Clarice temos nas nossas bibliotecas:

  • LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 95 p. ISBN 8532508723.
  • LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 155 p. ISBN 8532509525.
  • LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 110 p. ISBN 8532509479.
  • LISPECTOR, Clarice. Como nasceram as estrelas: doze lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, c1987. 51 p. ISBN 852090047x.
  • LISPECTOR, Clarice. Doze lendas brasileiras: como nasceram as estrelas. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. 59 p. ISBN 9788562500725.
  • LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 159 p. ISBN 8532508170.
  • LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 87 p. ISBN 853250812X.
  • LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. ISBN 8532508138.
  • LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 100 p. ISBN 8532509452.
  • LISPECTOR, Clarice. A maçã no escuro. 7. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 321 p.
  • LISPECTOR, Clarice. O mistério do coelho pensante e outros contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. 78 p. ISBN 9788579800450.
  • LISPECTOR, Clarice. A mulher que matou os peixes. 13. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993. 62 p.
  • LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 202 p. ISBN 8532508103.
  • LISPECTOR, Clarice. O primeiro beijo: e outros contos. 16. ed. São Paulo: Ática, 1999. 80 p. (Série Rosa dos Ventos). ISBN 8508032382.
  • LISPECTOR, Clarice. Quase de verdade. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. [28] p. ISBN 8532510604.
  • LISPECTOR, Clarice. Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018. 702 p. ISBN 9788532531216.
  • LISPECTOR, Clarice. Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016. 654 p. ISBN 9788532530240.
  • LISPECTOR, Clarice. A vida íntima de Laura. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. [28] p. ISBN 8532508111.
  • CHRISTIE, Agatha. Cai o pano: o último caso de Poirot. 10. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 184 p.
  • ROSENBAUM, Yudith. Clarice Lispector. São Paulo: Publifolha, 2002. 105 p. (Folha explica ; 47). ISBN 9788574023984.
  • CLARICE Lispector: a narração do indizível. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1998. EDIPUCRS, Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, 144 p. ISBN 8574210064.
  • FINK, Nadia. Clarice Lispector para meninas e meninos. Florianópolis: Sur; [Lomas de Zamora]: Chirimbote, c2016. [24] p. (Antiprincesas ; 3). ISBN 9788556480026.
  • MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2011. 748 p. ISBN 9788575037669.
  • RICE, Anne. Entrevista com o vampiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. 334 p. ISBN 8332501028.
  • LISPECTOR, Clarice. A ilha misteriosa. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. 296 p. ISBN 9788532520142.
  • LISPECTOR, Clarice. Viagens de Gulliver. Rio de Janeiro: Rocco, 2008. 239 p. ISBN 9788532520159.

Ruth Guimarães

por Lucas Meirelles

 

Agora uma homenageada do 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia que completa, em 2020, seu centenário: Ruth Guimarães!

Ruth Guimarães Botelho (1920-2014) foi uma grande escritora negra. Escreveu poesias, crônicas, romances, textos teatrais e traduziu muitos livros. Além das criações literárias, foi jornalista, professora e também pesquisadora de literatura oral e folclore. (pode ser que descubramos mais alguma profissão ou habilidade durante o texto…)

Nascida no município de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, em São Paulo, Ruth veio para a capital aos dezoito anos para estudar filosofia. Mais tarde também se formou em Letras Clássicas.

Sua história nos jornais começa cedo, aos dez anos de idade, quando publica suas primeiras poesias em jornais locais. Mais tarde, já formada, trabalha em jornais de São Paulo e Rio de Janeiro com colunas sobre literatura, com resenhas de livros, crônicas, contos e traduções.

Aparece em 1946 seu primeiro romance, Água funda, que é muito bem recebido pela crítica e faz seu nome ser conhecido no país todo. Após todo esse sucesso, escreve mais alguns livros de contos, crônicas e divulga suas pesquisas sobre folclore brasileiro, com livros de contos, fábulas e costumes. Em 1972, publicou também um livro muito importante que é o Dicionário de Mitologia Grega.

Em 2008, foi eleita imortal da Academia Paulista de Letras. No ano seguinte, já com quase 89 anos, foi convidada a fazer parte da pasta de cultura da Prefeitura de Cachoeira Paulista. E, com sua saúde bem abatida, aos 93 falece em sua cidade natal, deixando um grande legado literário e folclórico.

Temos em nossas bibliotecas os seguintes livros dela:

  • como autora

GUIMARÃES, Ruth. Conquistas humanas: vestuário. São Paulo: Donato, [s.d.]. 297 p. (Conquistas humanas; 3).

LENDAS e fábulas do Brasil. São Paulo: Círculo do Livro, [1989]. 161 p. (Clássicos da infância).

  • como tradutora

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Noites brancas: A árvore de natal na casa do Cristo. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. 111 p. (Clássicos de ouro). ISBN 8500001186.

Racionais MC’s

por Lucas Meirelles

 

Temos mais um homenageado do 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia. Na verdade, um grupo de homenageados!

Metade da Zona Sul, metade da Zona Norte, Racionais MC’s é um grupo de rap de São Paulo, desde 1988 em atividade. Formado por Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay, o quarteto é uma das grandes influências no rap brasileiro e na música brasileira em geral.

Suas letras denunciam o racismo e a miséria na periferia de São Paulo, marcada pela violência e pelo crime. Eles têm, desde o início, a preocupação de denunciar o racismo e o sistema capitalista opressor que patrocinam a miséria.

Nesses trinta e poucos anos, já gravaram nove discos, entre EPs, álbuns de estúdio e álbuns ao vivo. Dentre os muitos acontecimentos e curiosidades na vida deles, podemos contar: em 1991, fizeram o show de abertura para o grupo de hip-hop Public Enemy, no ginásio do Ibirapuera, após passarem pela segurança do grupo aqui no Brasil; em 1994, durante um show do festival Rap no Vale (no Vale do Anhangabaú) foram presos acusados de incitação à violência; se inspiraram no disco Racional do Tim Maia para dar nome ao grupo.

Desde 2018 é leitura (e ouvida) obrigatória para o vestibular da UNICAMP, o álbum “Sobrevivendo no inferno” (1997) e suas letras. Esse disco foi lançado em formato de livro também:

RACIONAIS MC’S (CONJUNTO MUSICAL). Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 143 p. ISBN 9788535931730

Gilberto Gil

por Lucas Meirelles

 

Bom dia, boa tarde, boa noite!

Vamos iniciar uma série de posts com os perfis dos homenageados e homenageadas do 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia! São eles/elas:

  • Gilberto Gil
  • Racionais MC’s
  • Carolina de Jesus
  • Ruth Guimarães

Lembrando que, além destes, também serão homenageados Clarice Lispector e João Cabral de Mello Neto, pelos seus centenários. Já temos um post anterior (sem saber que ela seria escolhida!) sobre uma das homenageadas que é a Carolina Maria de Jesus.

Hoje é dia de Gilberto Gil!

Nascido em Salvador (BA), em 1942, Gilberto Gil é um dos mais respeitados artistas brasileiros. Músico, poeta, ativista, Gil foi, inclusive, vereador em Salvador (1989-1993) e ministro da Cultura (2003-2008).

Desde criança teve a música muito próxima, seja em rádio ou nas procissões que via na cidade de Ituaçu, no interior da Bahia, onde morou durante sua infância. Teve no acordeon seu primeiro instrumento e, tempos depois, violão e voz tornaram-se sua marca.

Durante os anos 60 estudou na Universidade Federal da Bahia onde conheceu Caetano Veloso – que se tornou companheiro de muitas músicas -, participou de diversos festivais universitários e festivais de MPB no eixo Bahia-Rio-São Paulo. No final dessa década estava à frente do movimento da Tropicália e, por conta de sua prisão durante a Ditadura e posterior exílio na Inglaterra, recebeu mais influências internacionais em sua música. Pensando na antropofagia (uma das características do movimento tropicalista) fez muito sentido essa troca que Gilberto Gil fez com músicas, cultura e arte nesse período.

Em 1972, quando volta ao Brasil, continua com sua produção musical que dura até os dias de hoje, somando mais de 60 álbuns. Sua produção literária, traduzida nas poesias e letras de música, foi sendo compilada e estudada em diversos livros, teses e dissertações. Apresentamos aqui uma boa parte dessa produção:

 

A IMAGEM do som de Gilberto Gil: 80 composições de Gilberto Gil interpretadas por 80 artistas contemporâneos. Rio de Janeiro: F. Alves, 2000. (Projeto a imagem do som, v.3). ISBN 8526504290.

BOSCHERO, S.; VELTRONI, W. Gilberto Gil : l’immaginazione al potere. Roma: Arcana, 2004. ISBN 8879663585.

COSTA, Eliane. Jangada digital: Gilberto Gil e as políticas públicas para a cultura das redes. Rio de Janeiro: Azougue, 2011. ISBN 9788579200533.

CULTURA digital.br. Rio de Janeiro: Azougue, 2009. ISBN 9788579200083.

FONTELES, Bené. Gil luminoso. Brasília/ São Paulo: Editora UNB/ SESC, 1999. ISBN 852300551x.

FONTELES, Bené; CASAES, Priscila. Gil 60: todas as contas. Rio de Janeiro: Gege Edições, 2003. ISBN 8589316017.

GIL, Gilberto. Cultura pela palavra: coletânea de artigos, entrevistas e discursos dos ministros da Cultura 2003-2010. Rio de Janeiro: Versal, 2013. ISBN 9788589309479.

GIL, Gilberto. A linha e o linho. Rio de Janeiro: Escrita Fina, 2013. 24 p., il., 13 cm. ISBN 9788563877963.

GIL, Gilberto. Gilberto Gil. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Literatura comentada).

GIL, Gilberto. A paz. São Paulo: Evoluir Cultural, 2005. (Cante esta história). ISBN 8587420550.

GIL, Gilberto. Songbook Gilberto Gil: volume 1. Rio de Janeiro: Lumiar, 1992. ISBN 8585426039.

GIL, Gilberto. Songbook Gilberto Gil: volume 2. Rio de Janeiro: Lumiar, 1992. ISBN 8585426039.

GIL, Gilberto. Gilberto Gil, todas as letras: incluindo letras comentadas pelo compositor. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. ISBN 853590445x.

GIL, Gilberto; OLIVEIRA, Ana de. Disposições amoráveis. São Paulo: Iyá Omin, 2015. ISBN 9788563909015.

GIL, Gilberto; ZAPPA, Regina. Gilberto bem perto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. ISBN 9788520923320.

GILBERTO Gil. Rio de Janeiro: Azougue, 2007. 285p., 18cm. (Encontros). ISBN 9788588338906.

MARMELO, Manuel Jorge. Gil em verso. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2006. ISBN 9895521499.

MOLENDINI, Marco. Caetano Veloso e Gilberto Gil : fratelli Brasile. Viterbo: Nuovi equilibri, 2004. ISBN 8872267900.

RISÉRIO, Antonio (org.). Gilberto Gil Expresso 2222. São Paulo: Corrupio, 1982. (Baianada, v.3).

RISÉRIO, Antônio. O poético e o político e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. 263p., 21 cm.

SCARNECCHIA, Paolo. Musica popolare brasiliana Milão: Gammalibri, 1983.

SORROCE, Danilo. Domingo no parque: canção e poética de Gilberto Gil. Campinas: Editora Komedi, 2005. ISBN 857582094x.

VELOSO, Mabel. Gilberto Gil. 1. ed São Paulo: Moderna, 2002. (Mestres da música no Brasil). ISBN 8516032701.

VIVA cultura viva do povo brasileiro. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2007.

 

 

 

Ursula K. Le Guin

por Lucas Meirelles

 

Olás!

Antes de apresentar essa escritora e criar um perfil biobibliográfico, vou contar que ela – e seus livros – têm me acompanhado durante esse período de quarentena. Já li dois e estou no terceiro livro que falarei mais para frente sobre.
Então vamos à autora e sua obra!

Ursula Kroeber Le Guin, escritora estadunidense, nasceu em 1929 e faleceu em 2018. Filha de dois grandes antropólogos, Alfred L. Kroeber e Theodora Kracow-Kroeber, escreveu romances, contos, novelas, poesias e literatura infantojuvenil, além de ensaios e traduções. Durante sua vida recebeu diversas premiações literárias e algumas de suas produções foram adaptadas para o cinema e a TV. A crítica que ela recebia sobre sua literatura foi de encontro à educação e questionamentos que lhe foram dados desde o começo de sua infância.

Ela é muito conhecida por ser uma autora de ficção científica. Então em muitos de seus escritos temos distopias e utopias, mundos extraterrestres, vida artificial e os impactos de tecnologias e avanços científicos nas sociedades. Além dessa característica, outros temas e influências são notados e merecem vir à tona. Ela se declarava taoísta e anarquista, trazia em seus horizontes o feminismo, o pacifismo e diversos elementos da antropologia e outras ciências sociais.

O primeiro livro que li dela é o “A mão esquerda da escuridão“, que traz o protagonista Genly Ai, um terráqueo que vai ao planeta Gethen e tem a missão de convencer o povo desse planeta a participar do Ekumen, uma confederação informal dos planetas. A característica marcante desse planeta, e que deixa Genly Ai com muita dificuldade, é o fato das pessoas serem ambissexuais, ou seja, ninguém tem um sexo biológico fixo. Vê-se, então, como o sexo e o gênero influenciam nessa sociedade e como pode se dar o Ekumen.

Depois li “Os despossuídos“, que traz uma utopia anarquista. São dois planetas próximos, Urras e Anarres, que têm sistemas políticos bem distintos: um é capitalista, outro anarquista. Dentro desse pano de fundo, um cientista de Anarres viaja para Urras para fazer um intercâmbio tecnológico e, por conta dessa grande diferença entre os planetas, alguns acontecimentos dão certo, outros nem tanto.

E agora estou terminando “A curva do sonho“, que é a história de George Orr, um homem que, depois de sonhar, altera e transforma a realidade. Ele então começa a ter medo de dormir e sonhar. Em consultas com um psiquiatra e com algumas máquinas eles tentam entender esse fenômeno e, ao mesmo tempo, vão “consertando” com os sonhos a realidade do que está errado no mundo.

Muito mais informações sobre ela e seus livros (além de fotos e ilustrações dos mapas de alguns títulos!!) estão no site oficial dela: https://www.ursulakleguin.com/ (em inglês apenas)

Por enquanto ainda não temos nenhum livro dela de literatura adulta, mas temos em nossas bibliotecas um título infantojuvenil que é o:

LE GUIN, Ursula K. Gatos alados. São Paulo: Ática, 1996. 45, [1] p. ISBN 8508062087.

Graciliano Ramos

por Lucas Meirelles

Graciliano com duas netas

 

Chegou a vez do Graciliano dar as graças e aparecer por aqui!

O Velho Graça, apelido de Graciliano Ramos de Oliveira, foi um grande escritor do Modernismo, do Ciclo das Secas, dos retratos do Nordeste, das memórias do Brasil.

Nascido em Quebrangulo, na Zona da Mata de Alagoas, no ano de 1892, foi o primeiro de 16 irmãos. Sua infância se passou em diversas cidades entre Pernambuco e Alagoas. Antes de terminar o segundo grau (hoje conhecido por Ensino Médio) em Maceió, escrevia prosas e poesias para vários jornais e revistas da época (O Malho, Jornal de Alagoas, Correio de Maceió) sob vários pseudônimos, entre eles Feliciano de Olivença, Soares de Almeida Cunha e Soeiro Lobato.

Assim que terminou, mudou-se para o Rio de Janeiro onde trabalhou como revisor em alguns jornais. Porém, no ano seguinte, em 1915, volta rapidamente para Palmeira dos Índios (AL), onde sua família morava, por conta da morte de três irmãos e um sobrinho durante a epidemia de peste bubônica. Durante esse tempo em Alagoas, se casou, teve filhos, trabalhou em uma loja de tecidos e aos poucos foi voltando a escrever para os jornais. Inclusive Caetés (1933), seu primeiro romance, foi iniciado em 1928, durante sua morada em Palmeira dos Índios. Um ano antes, foi eleito prefeito da cidade, ficando apenas por dois anos no cargo, tempo suficiente para fazer dois relatórios ao Governador do Estado de Alagoas que chamaram a atenção do poeta e editor Augusto Frederico Schmidt, que encorajou Graciliano a escrever mais.

Até 1936, vai morar em Maceió, trabalha na Imprensa Oficial, na Secretaria Estadual de Educação de Alagoas, publica São Bernardo (1934) e Angústia (1936) e, em março desse ano, é preso pelo regime de Getúlio Vargas, sendo levado para o Rio de Janeiro e ficando onze meses presos sem ser acusado de nada e sendo liberado sem julgamento.

Em 1938, lança seu quarto romance, Vidas Secas, tratado como uma de suas maiores obras. Esse livro e São Bernardo foram posteriormente adaptados para o cinema em grandes produções brasileiras, a primeira por Nelson Pereira dos Santos e a segunda por Leon Hirszman.

No ano seguinte é nomeado Inspetor Federal de Ensino Secundário do Rio de Janeiro e continua escrevendo livros infantis, outros romances, livros de contos e crônicas e traduz alguns livros. Um outro fato importante de sua vida foi o convite do secretário geral do Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes a se filiar ao PCB. Esse fato possibilitou ou Velho Graça uma viagem, em 1952, à antiga União Soviética, Tchecoeslováquia, França e Portugal, o que, postumamente, virou um livro, chamado Viagem (1954).

Porém, ao voltar dessa viagem, ele já estava bem doente com problemas respiratórios. Em 1953, após algumas cirurgias e internações, falece no Rio de Janeiro. Seus filhos, filhas, netos e netas mantém seu legado com livros póstumos. Seu arquivo e biblioteca, encontram-se atualmente no IEB (Instituto de Estudos Brasileiros), na USP.

Aqui estão os livros dele (e alguns sobre sua vida e sua literatura) que temos nas nossas unidades:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RAMOS, Graciliano. Alexandre e outros heróis. 22. ed. Rio de Janeiro: Record, 1982. 198 p. ISBN 8501005207.

RAMOS, Graciliano. Angústia. 25. ed. São Paulo: Record, 1982. 247 p. (Obras de Graciliano Ramos).

RAMOS, Graciliano. Angústia. 61. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. 335 p. ISBN 8501067121.

RAMOS, Graciliano. Angústia. São Paulo: Círculo do Livro, [s.d.]. 210 p. (Grandes da Literatura Brasileira; 10).

RAMOS, Graciliano. Angústia: (75 anos). 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. 384 p. ISBN 9788501095046.

AMADO, Jorge; MACHADO, Aníbal; QUEIROZ, Rachel de; RAMOS, Graciliano; REGO, José Lins do. Brandão, entre o mar e o amor: romance. Rio de Janeiro: Record, [1981]. 157 p.

RAMOS, Graciliano. Caetés. 18. ed. Rio [de Janeiro]: Record, 1982. 231 p. (Obras de Graciliano Ramos).

RAMOS, Graciliano. Caetés. Rio de Janeiro: Record, 2013. 320 p. ISBN 9788501009203.

RAMOS, Graciliano. O estribo de prata. Rio de Janeiro: Record, c1984. Não paginado (Abre-te Sésamo).

VIANA, Vivina de Assis. Graciliano Ramos. São Paulo: Abril, 1981. 111 p. (Literatura comentada).

MIRANDA, Wander Melo. Graciliano Ramos. São Paulo: Publifolha, 2004. 88 p. (Folha explica ; 62). ISBN 8574024805.

LEMOS, Taísa Vliese de. Graciliano Ramos: a infância pelas mãos do escritor : um ensaio sobre a formação da subjetividade na psicologia sócio-histórica. São Paulo: Musa, 2002. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 162 p. ISBN 8585252693

RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008. 221 p. (Folha Grandes Escritores Brasileiros ; 16) ISBN 9788599896419

DANTAS, Audálio. A infância de Graciliano Ramos. São Paulo: Callis, 2005. 31 p. ISBN 8598750131.

RAMOS, Graciliano. Insônia. 18. ed. São Paulo: Record, 1982. 175 p. (Obras de Graciliano Ramos).

RAMOS, Graciliano. Linhas tortas: obra póstuma. 10. ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Record, 1983. 306 p. (Obras de Graciliano Ramos).

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. 15. ed. [Rio de Janeiro]: Record, 1982. 2 v., (378 + 319) p.

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. 49. ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. 728 p. ISBN 9788501073785.

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo: Círculo do Livro, [s.d.]. 2 v. (558p.)

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 39. ed. Rio [de Janeiro]: Record, [1983]. 213 p. (Obras de Graciliano Ramos).

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 72. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. 228 p. (Viagem Nestlé pela Literatura). ISBN 8501009059.

RAMOS, Graciliano. A terra dos meninos pelados. 41. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011. 79 p. ISBN 9788501054548.

RAMOS, Graciliano. Viagem: Tcheco-Eslováquia-URSS. 12. ed. [Rio de Janeiro]: Record, 1983. 193 p.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 140. ed. Rio de Janeiro: Record, 2019. 174 p. ISBN 9788501114785.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 94. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. 175 p. ISBN 8501067342

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Ed. comemorativa 80 anos. Rio de Janeiro: Record, 2018. 320 p. ISBN 9788501114778.

BRANCO, Arnaldo. Vidas secas. Rio de Janeiro: Galera Record, 2015. 97, [1] p. ISBN 9788501104618.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas: 70 anos. Ed. especial comemorativa ilustrada. Rio de Janeiro: Record, 2008. 203 p. ISBN 9788501085290.

RAMOS, Graciliano. Viventes das Alagoas: quadros e costumes do Nordeste. 12. ed. Rio [de Janeiro]: Record, 1983. 197 p. (Obras de Graciliano Ramos).

 

Chinua Achebe

por Lucas Meirelles

Chinua Achebe, nascido com o nome de Albert Chinualumogu Achebe, resolveu adotar somente o nome africano como forma de se libertar da dominação colonial inglesa em seu país de origem: Nigéria.

E é sobre esse romancista, professor e poeta que vamos falar sobre agora!

Ele nasceu na cidade de Ogidi, em 1930, ou seja, trinta anos antes da Nigéria se tornar independente do Reino Unido. Durante sua infância teve bastante contato com a cultura europeia, porém ao passar dos anos foi percebendo que sua cultura ancestral carregava mais valor.

Sua obra de maior sucesso é O mundo se despedaça (Things fall apart), lançado em 1958. Ele faz parte de uma trilogia com outros dois romances: No longer at ease (1960) e Arrow of God (1964). Nesse primeiro romance, temos a história de Okonkwo, guerreiro da etnia ibo, no sudeste da Nigéria, e sua luta contras os missionários britânicos que trazem para sua tribo o cristianismo, uma nova forma de governo e a força da polícia.

Em sua literatura aparece bastante sua vivência, seja como escritor ou mediador de conflitos, e também a história da Nigéria, com impressões em primeira pessoa dos acontecimentos. Essa literatura foi construída não só em ficção, mas em poesia, literatura infantojuvenil e ensaios.

Há um entrevista de Chinua para Bill Moyers, em 1988, disponível no YouTube. A transcrição da entrevista também está disponível (em português de Portugal). Nessa entrevista ele fala, entre outros assuntos, sobre os desafios de forjar a identidade cultural na África pós-colonial.

Chinua Achebe nos deixou em 2013, aos 82 anos.

Eis os livros do autor disponíveis em nossas bibliotecas:


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ACHEBE, Chinua. Arrow of God. New York: Penguin, [2016]. 230 p. ISBN 9780385014809.

ACHEBE, Chinua; IROAGANACHI, John. As garras do leopardo. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2013. 38 p. ISBN 9788574065922.

ACHEBE, Chinua. O mundo se despedaça. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. 236 p. ISBN 9788535915501.

ACHEBE, Chinua. No longer at ease. New York: Penguin, [2017]. 194 p. ISBN 9780385474559.

ACHEBE, Chinua. Things fall apart. New York: Penguin, 2017. 212 p. ISBN 9780385474542.

José J. Veiga

O realismo fantástico, ou realismo mágico é um estilo literário que brinca com a realidade cotidiana junto com criaturas, situações e elementos fantásticos. No Brasil, um grande escritor desse estilo é o José J. Veiga.

Goiano de Corumbá de Goiás, José Jacinto Veiga nasceu em 1915 e morava em uma fazenda. Foi estudar no Rio de Janeiro e trabalhou como jornalista no Brasil e em Londres, na Inglaterra.

Estreou na literatura em 1959, com Os cavalinhos de Platiplanto, livro que reúne 12 contos com a atmosfera das memórias de sua infância e com narradores que envolvem o leitor com os sonhos do cotidiano.

Começou como um grande contista, mas escreveu novelas e ótimos romances também. A hora dos ruminantes, de 1966, é uma romance sobre uma pequena cidade que começa vendo a chegada de forasteiros que constroem alguns edifícios nas redondezas da região, passa por uma invasão de cachorros na cidade, alguns invadindo casas também, e por uma de bois. A alteração na rotina da aldeia é retratada com a desconfiança dos moradores e as especulações da causa dessas invasões.

Há, nas leituras de suas histórias, margem para muitas interpretações e muitas simbologias, inclusive sobre as questões sociais e políticas no país quando foram escritas.

Segue um trecho d’A hora dos ruminantes, quando da invasão dos bois:

“[…] Não se podia mais sair de casa, os bois atravancavam as portas e não davam passagem, não podiam; não tinham para onde se mexer. Quando se abria uma janela não se conseguia mais fechá-la, não havia força que empurrasse para trás aquela massa elástica de chifres, cabeças e pescoços que vinha preencher o espaço.”

Temos em nossas bibliotecas, além dos títulos destacados, outros dois:

Henri Cartier-Bresson

Henri Cartier-Bresson (1908-2004), fotógrafo

por Lucas Meirelles

Nossas bibliotecas não têm somente livros literários. Revistas, jornais, enciclopédias e outros materiais sobre outras áreas, além da literatura, também fazem parte do nosso acervo.

Hoje, nosso perfil será sobre um fotógrafo chamado Henri Cartier-Bresson!

Esse simpático francês da foto, nascido em 1908, começou, antes da fotografia, a estudar pintura – o que parece ter depois criado uma estética em suas criações fotográficas. Os instantes que são revelados por ele são dignos de uma pintura.

Após uma temporada na África, na Costa do Marfim, no começo de 1930, Henri começa a tomar gosto pela fotografia e, em 1932 quando compra sua primeira câmera Leica, fez uma viagem com amigos pela Europa e sua produção fotográfica começa.

Nos anos antes da Segunda Guerra Mundial, trabalhou na assistência de direção e fotografia de cinema, principalmente com o diretor Jean Renoir e também fez alguns documentários próprios.

Mas quando chegou a Segunda Guerra ele serviu no exército francês como cabo na unidade de Cinema e Fotografia. Foi capturado pelo exército alemão na Batalha da França, em 1940 e tentou fugir algumas vezes, mas só conseguiu em 1943.

Detalhes do cotidiano foram frequentemente retratados em suas fotos. Após seu envolvimento na guerra, fotografou muitos países em diversos tempos diferentes e realizou muitas exposições mundo afora. E com outros fotógrafos fundou uma agência de fotografia, a Magnum Photos, em 1947.

A fundação que leva seu nome, situada na França, cuida de seus materiais e produção, além de apresentar exposições de outros fotógrafos e fotógrafas.

Faleceu aos 95 anos de idade, em 2004.

Como não pode deixar de faltar, aqui estão os livros dele ou sobre ele em nossas bibliotecas. Além desses, há a Coleção Folha Grandes Fotógrafos em que ele aparece em vários volumes:

 

CARTIER-BRESSON, Henri. Henri Cartier Bresson: fotógrafo. São Paulo: SESI, 2017. 342 p. ISBN 9788550402499.

 

 

 

 

CARTIER-BRESSON, Henri. Henri Cartier-Bresson. São Paulo: Cosac Naify, 2011. 1 v. (Photo poche ; 1). ISBN 9788540500006.