Ano a ano... de grão em grão

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Por Zélia Cavalcanti

A cada início de ano, recebemos notícias, muitas derivadas de avaliações públicas, sobre a precariedade da educação escolar oferecida à grande maioria de crianças e jovens brasileiros: currículos antiquados, professores mal formados e desatualizados, gestão do espaço e do tempo escolares nos moldes da primeira metade do século XX.

Se há algumas décadas reclamava-se de que a norma eram professores mal formados para ensinar os conteúdos curriculares fundamentais para a educação básica, hoje a isso se soma a incapacidade para administrar situações de ensino adequadas aos parâmetros de aprendizagem contemporâneos. Isso porque, nos dias atuais, é impossível pensar em qualidade escolar sem que haja a integração das formas de aprender decorrentes da revolução digital, e, principalmente, de situações de ensino estruturadas a partir do reconhecimento do valor das interações e do papel da diversidade interna a cada grupo-classe, para a qualidade do trabalho realizado com os alunos. Sem saber ser professor de acordo com essas exigências, um profissional se torna, sem exageros, incapaz de formar pessoas para viverem e trabalharem nas décadas que se aproximam.

O fosso entre as exigências de formação para os cidadãos do séc. XXI e as situações de ensino-aprendizagem levadas a cabo pelos professores atualmente em classe tenderá a se aprofundar muito enquanto o foco das políticas públicas nacionais não recair sobre um programa permanente de formação e atualização desses profissionais; ou seja, um projeto nacional que se mantenha, tenha continuidade, a despeito do partido político que esteja no poder.

Dados os limites que a realidade tem imposto a essa necessidade, nós, do Centro de Formação da Escola da Vila, temos, ano após ano, buscado atualizar a oferta de ações de formação do professor, de forma a atender aos diferentes aspectos que a atividade docente necessita integrar.

Nesse movimento, agora, em 2015, além de voltar a discutir Avaliação, um tema cada vez mais atual no Programa ZDP, e oferecer os cursos de curta, média e longa duração nas modalidades presencial, semipresencial e online já desenvolvidos anualmente em torno de diversos conteúdos, estamos propondo a retomada de temas centrais do construtivismo escolar, em ações presenciais dirigidas preferencialmente ao professor especialista de Ensino Fundamental 2 e Médio (nossos e de outras instituições), que necessitem conhecer ou ampliar o conhecimento sobre aspectos teóricos e metodológicos dessa concepção de ensino e aprendizagem. Concepção que, de nosso ponto de vista, oferece instrumentos fundamentais para o trabalho que os professores necessitam realizar frente às demandas sociais atuais.

Felizmente, não temos estado sozinhos nessa “batalha”. Junto conosco, outros educadores e instituições vêm, de diferentes formas, trabalhando para que as escolas brasileiras possam ter, cada vez mais, melhores professores. Esperamos que o ano recém iniciado seja frutífero nesse sentido.