Conhecer e transformar a realidade social

27_03_2015

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Por Francisco Bodião (Chicão)

Há duas semanas, retomamos no Ensino Médio os encontros do grupo de alunos, que em diálogo com comunidades, escolas públicas, organizações de bairro, movimentos e coletivos que atuam na região administrativa do Butantã, realizam atividades fora da Vila, conhecendo, debatendo e propondo soluções para problemas que essas pessoas enfrentam. Os encontros são às quartas-feiras, no período da tarde, com saídas quinzenais.

Um dos objetivos desse trabalho é responder às perguntas que estão cada vez mais presentes na reflexão dos nossos alunos: Qual é o lugar da política? O que é política? O que significa sociedade? Será que é possível transformar uma sociedade? Quais ações políticas são necessárias para transformar a sociedade? O que é o sujeito político? Qual é a sua atuação na sociedade? O que significa ser cidadão?

Vencer a concepção, cada vez mais generalizada, de que política é algo que não é bom ou que “não presta” é o nosso primeiro desafio, para que os alunos possam responder a essas perguntas.

A ideia de política tem origem na palavra grega polis (cidade), e cidadania, de origem latina, na palavra civitatem. Os dois termos indicam a preocupação com a vida em sociedade.

A cidadania não é algo superior à política, por isso, não devemos separar os dois conceitos. Falar de política é tratar de cidadania e vice-versa. Falar em política envolve também os partidos, mas não se esgota neles. É toda e qualquer ação em sociedade, portanto, toda e qualquer ação em família, em instituições religiosas e sociais, no mundo das relações de trabalho, na escola.

O sábio grego Aristóteles dizia que política é a ciência e a arte do bem comum. Para ele a cidade deveria ser governada em proveito de todos, e não apenas em proveito dos governantes ou de alguns grupos. Para São Tomás de Aquino a política é “A arte de governar os homens e administrar as coisas, visando o bem comum, de acordo com as normas da reta razão”.

E citando Platão, o filósofo grego, discípulo de Sócrates: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam”.

É por razões como essas que nenhum cidadão sensato pode ignorar a política. Cada pessoa deve procurar compreender e participar da política, para atuar politicamente. Cada cidadão e cidadã deve se conscientizar, informar-se, ouvir, ler, falar, debater, estudar e procurar formar sua opinião sobre os diferentes problemas.

Em nossa última reunião, os alunos discutiram e concluíram que a política é a “ferramenta” que a sociedade construiu para enfrentar e resolver problemas coletivos... O lugar da política é a “pólis”, a cidade! Conhecer e pensar o lugar que transitamos, interagimos e vivemos é desafiador!

Nossos adolescentes já farão uma primeira atividade fora da escola, agora em abril. Vão conhecer uma escola municipal localizada em um dos bairros próximos à rodovia Raposo Tavares. Essa visita será importante para conhecerem outros estudantes, seus professores e as dificuldades que querem mudar para, a partir daí, passarem aos debates, às reflexões e às propostas de ação, não como alunos da Escola da Vila ou da escola pública, mas como um coletivo de cidadãos que busca resolver algum problema, transformando uma realidade social.