Vivenciar a experimentação

Por Ana Vitiritti e Mauritz Gregorio de Vries

Desafios, perguntas, discussões, engenhocas e afins.

O Grupo de Investigação Científica (GIC) dos 6os, 7os e 8os  anos iniciou suas atividades de 2015 com dois grupos: um, na unidade Butantã, e outro, na unidade Morumbi.

Como atividade disparadora, os alunos da unidade Butantã foram desafiados a criar um dispositivo capaz de derrubar uma garrafa colocada em determinada posição na bancada, sem usar diretamente a força das mãos. Para isso, deveriam inventar um instrumento, uma engenhoca, que permitisse o arremesso de algum objeto que provocasse a derrubada da garrafa.

Os alunos conseguiram fazer propostas diferenciadas usando planos inclinados, uma besta, e a pressão de uma bexiga, demonstrando diferentes possibilidades de solução para o problema e bastante empenho. O que foi positivo? Desafio curto, objetivo, que precisava da construção do objeto para resolvê-lo, que podia ser imediatamente testado e ajustado.

Nesse processo, foi possível trabalhar ideias centrais do trabalho científico, a necessidade de registro e sistematização, o levantamento de hipóteses e a possibilidade do erro. Foram apresentados os cadernos usados pelos alunos do GIC do ano anterior, pastas de registros de cientistas reais para organizar a pesquisa e discutir o processo de formulação de hipóteses, planejamento, cronograma, registro, sistematização, acompanhamento das etapas, reformulação das hipóteses, e conclusões. O envolvimento dos alunos com a proposta pode ser visto nos vídeos a seguir.

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Essa introdução possibilitou boas discussões sobre o fazer da ciência e abriu espaço para a proposta de projetos diversificados dos grupos de alunos. Algumas dessas propostas já estão em andamento, como o que pode ser visto no vídeo a seguir, no qual os alunos criaram diversos modos de produzir bolhas coloridas com gelo seco, detergente e corante ou experimentos usando o atrito do barbante para frear a queda de uma garrafa.

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Na unidade Morumbi, o desafio disparador da produção do grupo foi a construção de um circuito elétrico com materiais sólidos e, em seguida, foram desafiados a testar se a água seria ou não uma boa condutora de eletricidade. Foi desenvolvido um teste pelos próprios alunos e, ao observarem que a água doce era isolante (ou muito pouco condutora), contradizendo a hipótese da maioria dos alunos, testaram o efeito de adição de açúcar e de sal para alterar a condutividade. Com a tabela de composição química presente na água mineral abordaram a questão de "quantidade" de sais que precisa estar diluída em água e como a condutividade elétrica estava relacionada com a presença dos sais minerais.

Para discutirem o controle de microrganismos coletaram diferentes amostras de água em torno do laboratório, que foram visualizadas ao microscópio de projeção. Foram apresentados visualmente, então, os diferentes tipos de microrganismos ali presentes, possibilitando uma abordagem básica sobre bactérias, fungos, vermes, vírus, o que gerou um debate sobre seus tamanhos. E com a ajuda da Tati, laboratorista, prepararam diferentes meios de cultura para testarem, através de mais uma técnica, a presença dos microrganismos na água.

Construíram uma escala de pH com extrato de repolho roxo, em que as substâncias alcalinas foram apresentadas como aquelas que podem "reagir com o ácido", "deixar neutra a água". Aconteceram coisas surpreendentes. Um aluno perguntou: "Ué, então quando a base neutraliza o ácido forma o quê? Água?". E, depois, ainda indagou: "Então eu posso dizer que vinagre sem ácido é água?".

De modo geral, perceberam que existem níveis de acidez e basicidade. Inicialmente, eles acreditavam que só poderíamos consumir água neutra, mas puderam conhecer alguns valores diferentes de pH, através da escala de cores, e perceberem que existe uma tolerância em torno do valor de pH 7.

Agora que trabalharam as ideias básicas de uma "boa água", iniciaram os testes com a água coletada pela recém-construída minicisterna, que há algumas semanas vem coletando a água da chuva que atinge o telhado do laboratório. Nas próximas semanas, além de permanecerem trabalhando com o projeto coletivo da água, passarão a desenvolver experiências mais individuais com diferentes focos.

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