Conversando sobre Lições de Casa

Por Fernanda Flores

Iniciamos, nesta semana, o período de reuniões de pais de Fundamental, no qual conversamos sobre os projetos levados a cabo no primeiro semestre e, nesse momento, questões sobre lições de casa costumam ser recorrentes, pois pais e mães querem entender melhor e ajustar o que lhes é esperado, bem como aprimorar como podem apoiar seus pequenos.

Motivados pelas dúvidas de quem acompanha a vida escolar dos filhos e filhas, esse momento insere uma experiência em casa sobre a qual vale ponderarmos. Reapresentamos aqui um texto muito esclarecedor, das professoras Bárbara Passos e Priscila Demasi, que aborda questionamentos frequentes das famílias, sobretudo das crianças no início de seu percurso de estudantes.

Boa leitura!

Lição de Casa

lição de casa

por Bárbara Passos e Priscila Demasi

Como orientar meu filho com as lições de casa? E se ele disser que não sabe como fazer as atividades, como posso ajudá-lo? Ele se esqueceu de registrar as páginas das lições na agenda? O que dizer? Qual a melhor forma de orientá-lo? A lição deve e precisa ser feita por ele. Tenho mesmo de ajudá-lo?

Inquietações como essas costumam fazer parte da vivência familiar quando o assunto em pauta é fazer as lições de casa e desenvolver uma rotina de estudos. Afinal, realizar registros na agenda, organizar os materiais necessários para as atividades do de aulas do dia, cumprir os prazos das tarefas, estudar as lições, são procedimentos que, por mais que pareçam simples para nós, adultos, podem se caracterizar como desafiadores para os nossos pequenos, principalmente nas séries iniciais do F1.

Nesse sentido, é importante destacar que o momento de levar a lição de casa é esperado pelas crianças. Elas percebem que estão crescendo e, portanto, já podem ser capazes de realizar essas tarefas sozinhas. No entanto, o apoio dos pais nos momentos de estudo e a realização dessas lições é fundamental para o avanço das crianças e do seu processo de aprendizagem. Dessa forma, eis algumas orientações que podem contribuir, de modo significativo, para uma efetiva parceria escola/família no universo de estudos dos meninos e meninas.

• Xi! O esquecimento fez uma visitinha e a criança, sem que percebesse, não fez o registro do número das páginas das lições de casa, ou mesmo esqueceu a agenda na escola. O que fazer? Uma boa estratégia para solucionar o problema é o “S.O.S. colega”. Ligar para os parceiros de estudo pode, sim, ser uma forma de buscar a informação “perdida” pelo esquecimento. Dessa forma, entrar em contato com quem fez o registro das páginas pode ajudar bastante. Mas lembrem-se: essa é uma responsabilidade da criança, vale criar condições que a ajudem a concretizá-la, sem fazer por ela!

• Consultar a agenda em casa e escolher um lugar adequado para a realização das lições são procedimentos que devem ser orientados pelos adultos até o momento em que os nossos pequenos estudantes possam fazer isso com autonomia.

• A atividade está sobre a mesa de estudos, mas a criança olha para a lição como se aquilo lhe parecesse pouco familiar e diz: “Não sei como fazer”. Nessa hora, estimule seu filho a relembrar as ações do dia em relação àquela tarefa, releia a lição e vá, aos poucos, ajudando a criança a atribuir sentido ao que está sendo proposto. Para os maiores, sugira que liguem para um colega e que conversem sobre o que entenderam, dessa forma as crianças começam a compreender que a lição de casa é de sua responsabilidade.

É natural que os alunos vivenciem desafios de distintas naturezas durante as atividades relacionadas às diferentes áreas do conhecimento. Assim, muitas vezes, para os menores, a própria “leitura” e a compreensão dos enunciados presentes nas atividades podem se caracterizar como um entrave para iniciar a lição. Uma sugestão é reler as perguntas junto com a criança e promover uma conversa, no sentido de fazê-la compreender o que está sendo pedido: “Filha, vou ler a questão para ver se posso ajudar você, tá?”, “Você tem alguma ideia do que precisa fazer para resolver essa atividade?”, “Consegue se lembrar de algo parecido com o que fez na sala de aula ou mesmo no caderno?”.

Questionamentos como esses fazem com que a criança se sinta acolhida e mais tranquila para seguir pensando sobre a lição. Já que, em algumas situações, os nossos pequenos se preocupam com o cumprimento da atividade e pedem que os pais digam as respostas para não levarem a lição sem fazer.

Se, depois de lançar mão desse “bate-papo”, a criança não der sinais de que sabe o que fazer, é pertinente tranquilizá-la e orientá-la para que ela compartilhe com a professora suas dúvidas, registre que tentou, mas foi difícil. Isso é fundamental como retorno ao professor, para que este ajude e apoie seu filho ou filha.

Pensamos que, dessa forma, ressaltamos para a criança a ideia de que “tentar” realizar a lição é importante e que o “estranhamento” inicial pode ser resolvido com algumas leituras e conversas. Além disso, essa é uma possibilidade de mostrar a diferença entre apoiar, ajudar a pensar e recuperar informações, ao invés de dizer simplesmente a “resposta correta”.

Temos ciência de que não existe uma única maneira de orientação para as tarefas de casa, nem fórmulas mágicas para resolver todas as questões que envolvem o dia a dia das lições. Contudo, podemos encontrar “uma medida”, levando em consideração a idade das crianças e a relação que elas têm com as atividades. Dessa forma, poderão, aos poucos, construir autonomia e encontrar maior segurança, à medida que vivenciam experiências favoráveis ao processo de aprendizagem de procedimentos e atitudes como estudantes.