A importância das experiências diversificadas para dar sentido às aprendizagens escolares: a ampliação do repertório cultural e o papel dos pais

Escola da Vila

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Por Joana Sampaio Primo

Ensinar não é uma tarefa fácil, pois ela não depende apenas dos educadores: ela depende, sobretudo, do interesse que a criança possa desenvolver em sua experiência com a aprendizagem. A curiosidade, o movimento de tornar-se um eterno pesquisador, o desejo por aprender serão, então, os componentes fundamentais de qualquer processo de aquisição do conhecimento. Assim, os educadores – com essa palavra, incluo tanto os professores quanto os responsáveis pelas crianças – terão que trabalhar no intuito de despertar o desejo por aprender.

Tarefa paradoxal, uma vez que desenvolver a inclinação pelo conhecimento não se faz pela apresentação de conteúdos, mas sim pelo instigar da curiosidade, por uma consideração pelo que a criança levanta como hipótese e pela constante ampliação dos repertórios e das referências dela.

As escolas promovem e reforçam os vínculos dos alunos com a cultura; dito de outro modo, essas instituições, em nossa sociedade, cumprem o papel de transmitir-lhes o acúmulo de conhecimento das gerações anteriores, possibilitando às crianças vincularem-se a ele e sentirem-se capazes de transformá-lo, de questioná-lo e de produzi-lo.

Cabe à escola, portanto, o papel de introduzir e consolidar o interesse dos jovens alunos pelo conhecimento. No entanto, essa tarefa apenas poderá ser cumprida com a valorização da sociedade e a parceria das famílias com tal instituição.

Investir na educação dos filhos não significa apenas acompanhar as lições de casa, estudar para as avaliações e verificar os desempenhos; significa dar sentido às aprendizagens. Porém, o que queremos dizer com isso?

É corriqueira, no cotidiano escolar, a procura das famílias por orientações em relação ao acompanhamento dos estudos de seus filhos. Porém, é incomum que essa busca seja motivada por indicações de programas culturais aos quais os pais possam ir com seus filhos.

É igualmente cotidiano que os responsáveis procurem a escola para queixarem-se da falta de interesse dos filhos em aprender, das dificuldades cotidianas que fazer a lição de casa impõe à rotina familiar, das motivações únicas dos alunos por jogos de computador ou por brincar com os amigos, construindo um cenário no qual as crianças parecem não se interessar por nada do ensino regular.

Mas vale ponderar que, se o ensino regular ficar relegado a ocupar o lugar das tarefas enfadonhas e dos conteúdos desconexos, concordamos com os estudantes que tal modo de aprender não estimula em nada a vinculação deles com o conhecimento. Indagamo-nos novamente: como os pais podem dar sentido às aprendizagens escolares?

Não tenho a pretensão de responder a essa pergunta, pois, para o percurso de cada um, teríamos que pensar em estratégias singulares. Porém, tenho certeza de que seja uma diretriz importante o auxílio das famílias em ampliarem o repertório cultural das crianças, ou seja, que incorporem em seus cotidianos atividades que instiguem os educandos sobre os processos culturais. Tal dilatação das experiências pode ser feita com visitas a exposições de arte, a museus, escolhas por filmes não comerciais, entre outras atividades nas quais as crianças possam fazer conexões únicas com o mundo em que vivem. Ampliar o repertório cultural possibilita que estas desejem mais, possibilita que façam associações inusitadas, possibilita que experienciem a sociedade de uma maneira diferente.