Por Fernanda Flores, diretora pedagógica da Vila

As crianças nascem “cientistas”?
São naturalmente curiosas sobre o ambiente físico e natural?
Sim, claro! É o que observam nossas professoras e professores na experiência cotidiana com crianças nas mais diversas conversas e situações.
Aqui na Vila, vemos crianças capazes de tirar conclusões e criar explicações a partir do que observam e testam em suas brincadeiras, em experimentos individuais ou coletivos e observando colegas. Exploram e confirmam ideias sobre o ambiente em que vivemos por meio de investigação e exploração. Agem com certa regularidade e lógica, o que faz um adulto atento perceber que estão guiadas por verdadeiras “teorias em ação” na tentativa de compreender o mundo físico e natural, o que guarda estreita identidade com o fazer científico.

Em matéria publicada em 2012, no jornal Estado de SP, “Crianças aprendem e pensam como cientistas”,
a pesquisadora Dra. Alison Gopnik, do Departamento de Psicologia da
Universidade da Califórnia em Berkeley, apresenta a ideia de que os pequenos
têm uma maneira de pensar e aprender muito similar à dos cientistas. Destaca
que as experiências vividas pelas crianças de até 6 anos podem ter implicações
na maneira como estruturam seu pensamento sobre o mundo, o que certamente deve
contribuir para pensarmos a organização da Educação Infantil.
Ela defende que as crianças, mais do que os adultos, são capazes de propor
teorias incomuns para resolver problemas. “Esse tipo de pensamento hipotético
reflete sobre o que poderia acontecer, e não sobre o que realmente aconteceu. E
esse é um tipo de pensamento muito poderoso que usamos na ciência”, diz Alison.
Ela completa que a própria brincadeira de faz de conta, atividade espontânea na
qual costumam se engajar, é “uma reflexão sobre esse raciocínio e compreensão
profundos”.

E como trazemos para o cotidiano das crianças rotinas de envolvimento com temas das ciências?
Sem dúvida, promovendo o direito à exploração do meio físico e natural e seus fenômenos! Estar entre plantas, animais, explorar forças, luz, sombra e som, mexer e alterar materiais, derreter, dissolver e misturar, observar o céu, as estrelas… Tudo isso proporciona às crianças a construção de ideias e a possibilidade de, mediadas pelos educadores, envolverem-se também na elaboração de explicações e sua expressão. Entendemos ser fundamental ter essa prática constante na educação da infância, o que certamente aproxima os pequenos do conhecimento científico, estimulando a curiosidade e fortalecendo a capacidade de pensarem por eles mesmos.
Mas e como cultivar essa atenção curiosa e fortalecer os vínculos entre as crianças e o conhecimento para além dos muros da escola? Qual o papel da família quando se trata de educar mentes curiosas?

Em livro recentemente publicado, “Guia para criar filhos curiosos” (ainda sem tradução no Brasil), Melina Furman, bióloga e educadora argentina que estará na Escola da Vila na próxima semana, propõe reflexões muito interessantes, encorajando as famílias a criarem ambientes e desafios que mobilizem seus pequenos, perguntas e provocações para que vivam juntos novas possibilidades e fortaleçam os vínculos das crianças com o conhecimento para que cresçam curiosas e estimuladas a seguir aprendendo!
Encorajadas a formular teorias, das mais variadas observações: sobre a natureza, o funcionamento de um objeto, ou sobre as relações com seus pares, nossas crianças compreendem uma das fortes razões de estarem na escola!
Estas investigações curiosas nos movem na Educação Infantil!
Feeeeee, amei o tema, quero saber mais sobre essa vista que acontecerá na Vila e quando o livro será lançado em português. Essa educadora argentina falará apenas para a equipe da escola? Vou ligar para me informar. Amei o tema!!!