O corpo e o movimento em época de pandemia

Escola da Vila

Clique na imagem para assistir a uma aula de educação corporal

Por Marcos Santos Mourão (Marcola), professor de Educação Física

Quem poderia imaginar que parte significativa da população mundial permaneceria em quarentena, dentro de casa, para preservar a si e à parcela mais vulnerável da população exposta a uma pandemia. Hábitos tão corriqueiros como sair de casa para ir ao trabalho, à faculdade, à escola, encontrar com as pessoas, relacionar-se presencialmente tornaram-se distantes da rotina de muitas famílias. De uma hora para a outra, uma nova rotina que considere e inclua os moradores de uma casa nas atividades domésticas, como limpeza, preparação de alimentos, arrumação e limpeza da casa, torna-se fundamental. Para aqueles com crianças, principalmente as menores, um grande desafio é conciliar os cuidados, a atenção e a educação dos filhos com o trabalho, o tal do “home office”. Como se tudo isso não bastasse, a prospecção das finanças para os próximos meses é capaz de trazer um quadro emocional de muita instabilidade, nos afastando de algo essencial para a qualidade de vida: o nosso corpo.

Nesta época de pandemia, além da tendência de se dedicar exclusivamente a outras coisas a se fazer, passamos a desconfiar do corpo alheio, evitar aproximação, toque, contato, afinal, o vírus não se locomove sozinho, ele precisa de alguém que o carregue, toque em superfícies, em outras pessoas. Ainda não sabemos os efeitos psicológicos que esse afastamento trará às pessoas, principalmente às crianças. Muitos dilemas decorrentes dessa inusitada experiência familiar estão sendo vividos somente agora.  O que podemos e devemos fazer neste momento de quarentena para que essas questões não nos absorvam completamente é garantir momentos de encontros coletivos e individuais. As crianças precisam certamente de atenção, de momentos de leitura, conversa, brincadeiras com a família. Mas necessitam também de espaços reservados, sozinhas, para explorar e descobrir diferentes possibilidades com o próprio corpo e o movimento, sem o direcionamento do adulto, do professor. Não será fácil, principalmente para aquelas acostumadas a uma agenda diária que inclui diversas atividades na semana. Ter que inventar desafios corporais, brincadeiras, construir percursos, sentir tédio fará parte deste momento que estão atravessando. Para os adolescentes, mais habituados as interações nos formatos digitais, viver uma experiência de limitação física como a de uma quarentena pode aumentar consideravelmente o tempo de permanência parado na frente de seus celulares e computadores. Assim como com as crianças, é importante trazê-los para situações coletivas do cotidiano, rompendo a magia com a roupa limpa de casa, a comida pronta, a louça lavada, a arrumação do quarto. A adolescência costuma ser um período no qual impera a sensação de onipotência, ou seja, o corpo pode tudo, suporta tudo. Enfrentar uma situação de restrição e limitação corporal pode ser uma interessante oportunidade de diálogo.               

E os adultos?  Os adultos estão na linha de frente desta batalha e, mais do que ninguém, precisam de um tempo para cuidar de seus corpos. É hora de resgatar ou preservar aquilo que dá prazer e sentido na atividade corporal, seja um relaxamento, uma sessão de alongamento, dança, ginástica, luta, ioga, tai chi chuan, caminhada, corrida, enfim, algo que promova um encontro consigo, com qualidade, para diminuir o nível de stress e contribuir para uma boa imunidade corporal. Nesse sentido, segue link para uma aula de movimentos primários de educação corporal.