14 brasileiras em Lisboa.


Por Vera Barreira e Angela de Crescenzo

Voltamos de Portugal! E estamos aqui para lhe informar, caro leitor, um pouco sobre o que vimos lá. Como já noticiou nossa colega Zelia Cavalcanti, no post de 5 de abril deste blog, essa foi mais uma viagem pedagógica internacional organizada pelo Centro de Formação da  Escola da Vila para discutirmos e aprendermos mais sobre os Desafios Atuais da Gestão Educacional.

O grupo que embarcou para Lisboa era composto por catorze pessoas que representavam escolas brasileiras participantes do programa ZDP do Centro de Formação: Colégio Juscelino Kubitschek, de Brasilia; Espaço Educar, de Maceió; Interamérica, de Goiânia; Umbrella  e CEI  Aurora, ambas de Curitiba; e as escolas Beit Yaacov, Castello Branco e Projeto Vida, todas de São Paulo, com mais três orientadoras e a coordenadora pedagógica do Centro de Formação da Escola da Vila.

No primeiro dia oficial dos  trabalhos em Portugal, fomos recebidos por membros do Conselho Nacional de Educação (CNE), na sede do órgão. Ali ouvimos  alguns membros do Conselho e do Instituto de Educação.

O professor Rui Canário falou sobre “Os desafios da formação de professores na Europa”. Entre outras coisas, contou que hoje o mestrado é exigido a todos os professores do Ensino Básico e que têm se debatido para superar o paradoxo do controle institucional versus autonomia do professor.

Em seguida, conhecemos Maria Emilia Brederode Santos, membro do CNE e diretora da revista Noesis, uma publicação muito interessante voltada aos professores. Maria Emilia tem seu trabalho focado nos espaços não formais da formação dos professores. A revista é um exemplo disso.

Depois, foi a vez de o professor João Barroso, também membro do CNE, nos falar sobre “A direção das escolas e as políticas educativas”, com foco na nova organização das escolas de Portugal, os agrupamentos, na formação do diretor e nos espaços de formação continuada nas escolas públicas.

Por último, conversamos com a presidente do Conselho Nacional de Educação, doutora Ana Maria Bettencourt. O CNE é um órgão independente, de consulta sobre a política educativa, que combina participação e representação social, com representantes de diversas associações (pais, alunos, professores, politécnicos, escolas secundárias etc) e seu presidente é eleito no parlamento, pelos deputados. A doutora Ana Maria nos contou sobre as ações mais recentes do Conselho, e alguns de seus últimos pareceres sobre formação continuada, reprovação escolar, escola inclusiva, resultados de Portugal no Pisa (Programa Internacional de Avaliação dos Alunos), entre outros, e destacou a importância de a escola se inserir nessas questões, não encarando-as  como problemas para a escola, mas, sim, vendo a escola como parte do problema.

Depois de todas essas conversas, demos um passeio até a Universidade de Lisboa, onde fomos recebidos pelo seu reitor, professor Antonio Nóvoa.

Nóvoa nos apresentou a preocupação da Universidade com a formação dos professores iniciantes e fez um paralelo muito interessante com a formação dos médicos. Médico recém- formado passa por um período de residência, no qual ele atende aos casos simples e acompanha um profissional experiente atendendo aos casos mais difíceis. Quanto mais experiente um médico, mais ele vai assumindo casos mais complexos. Na formação do professor a situação é inversa. Um professor recém-formado é enviado a escolas mais distantes, de periferia, para atender aos alunos com pouco vínculo com as letras e com o conhecimento, que representam grande desafio para o professor ensinar. Quanto mais experiente o professor, mais ele consegue vagas em escolas do centro da cidade, cujos alunos têm grande vinculo com estudo e conhecimento, que aprendem quase por si sós.

Em dois dias diferentes, visitamos escolas públicas de Portugal pertencentes a dois diferentes agrupamentos. Agrupamento de escolas é uma unidade organizacional, dotada de órgãos próprios de administração e gestão, constituída por estabelecimentos de educação pré-escolar e escolas de um ou mais níveis e ciclos de ensino.

O agrupamento Escolar Vialonga é um TEIP (Território Educacional de Intervenção Prioritária), marcado por uma direção e uma equipe de profissionais comprometida com o avanço de alunos com dificuldades de aprendizagem e com questões de inserção social. Também fomos ao Agrupamento de Escolas Eça de Queirós, no Parque das Nações.

Visitamos as salas de aula, vimos projetos variados em que os alunos são protagonistas, conversamos com professores e com a direção de cada um dos agrupamentos. Vimos salas de Educação Infantil, de primeiro e segundo ciclos.  Na escola secundária, equivalente ao nosso Ensino Médio, vimos muitos jovens por lá, alguns na biblioteca,  um grande grupo no auditório assistindo a uma peça de teatro em inglês, alguns conversando com seus colegas pelos corredores nas áreas livres. Em muitas salas que entramos vimos professores atendendo aos alunos individualmente ou em pequenos grupos para ajudá-los a resolver dúvidas ou apoiá-los nos estudos.

O trabalho foi finalizado num encontro com membros do Fórum Português de Administração Educacional, com sede na Escola Superior de Educação de Lisboa. Assistimos a duas palestras e a uma mesa-redonda, todas centradas nas escolas e nos territórios educativos de Portugal, nos dilemas da avaliação institucional e nos desafios da gestão escolar. A primeira, foi com o professor João Pinhal, vice-presidente do Fórum PAE, que nos falou sobre “As escolas e os Territórios Educativos”;  Beatriz Betencourt, presidente do Fórum PAE, nos falou sobre “Escolas que aprendem, da escola burocrática à comunidade aprendente”, e finalmente assistimos a uma mesa-redonda sobre o tema “Desafios da gestão escolar”  com Ana Patrícia Almeida, Lucília Ramos e Luis Leandro Dinis.

Essas conferências, articuladas com as visitas às escolas, trouxeram muitas contribuições a cada um de nós. Há, com certeza, um terreno fértil e potente para possíveis parcerias entre o Fórum Português de Administração Escolar e o Centro de Formação da Escola da vila no desenvolvimento de ações formativas.

Mas... nem só de trabalho se vive em Lisboa! O grupo de brasileiras também se divertiu muito na terrinha! Fomos visitar Sintra e o lindo Parque Palácio Pena, onde comemos o famoso doce “travesseiro” de Sintra. Também visitamos o santuário de Fátima, Nazaré, Batalha e a pequena e bela cidade de Óbidos. Em Lisboa, caminhamos ao longo do Tejo, passeamos no simpático bairro do Chiado, comemos bacalhau e saboreamos os deliciosos vinhos portugueses! Outro ponto alto dos passeios foi a visita ao Castelo de São Jorge, de onde pudemos avistar toda a encantadora cidade de Lisboa.