Em 28 de abril deste ano, partimos para Lisboa com a expectativa de enriquecer nossos conhecimentos e saberes no campo da Gestão Escolar e Formação de Professores. Conhecer outra cultura e nos divertirmos não estavam fora de cogitação. Nada se diferenciou do que esperávamos. As aprendizagens foram "férteis" e Lisboa nos acolheu com a "leveza" desejada pela Escola da Vila. Como chegamos num fim de semana, fomos presenteadas com belos passeios por Lisboa e seus arredores. Quanta beleza, diversão e conhecimento cultural in loco.
Na segunda-feira, logo pela manhã, iniciamos nossos trabalhos pelo Conselho Nacional de Educação. Conhecemos um pouco da estrutura organizacional e ação interventora daquele órgão nos rumos da educação portuguesa. Esse encontro aguçou nossa vontade de conhecer melhor o CNE de nosso país.
Continuando a programação, foi com encantamento que ouvimos o palestrante dr. Rui Canário sobre "os desafios da formação dos professores na Europa". O tempo voava em sincronia com as ideias que nos transportavam para as experiências pessoais. Rui Canário falava da exigência de formarmos professores altamente qualificados e altamente politizados. Estes deverão ser capazes de estabelecer conexões entre teoria e prática numa dimensão reflexiva. Assim chegaremos ao docente que instiga a curiosidade, que sabe ouvir, inovar, e transformar.
Para o grande educador português, "o professor não ensina aquilo que sabe, mas aquilo que é". Daí a importância da boa formação. Alinha-se a tudo isso a escola do futuro, onde se desenvolve o gosto pelo ato intelectual de aprender, onde estudantes e professores passam de agentes a autores e ainda reconhecem o verdadeiro valor da aprendizagem: ler e intervir no mundo.
O cardápio de conhecimentos não parou por aí. Saboreamos os saberes dos mais diversos, com Maria Emília Brederode (Divisão Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular) e revista Noesis, com João Barroso, professor catedrático da Universidade de Lisboa, seguido por Ana Maria Bittencourt, doutora em Ciências da Educação e presidente do CNE. Terminamos o cardápio do dia com o reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa. Foi um breve encontro, mas providencial, pois, neste momento, foi possível ir além da sala de aula e ter em mente o professor recém-graduado enfrentando os primeiros desafios de sua carreira. E que desafios! Geralmente essa experiência se dá na região periférica dos grandes centros urbanos. Nóvoa comparou médicos e professores recém-formados: os primeiros são supervisionados por colegas experientes até poderem iniciar no caminho profissional, para o professor, ao contrário, poucas horas de estágio são suficientes, é lastimável, mas real.
Adormecemos repletas de interrogações e, no dia seguinte, iniciamos uma viagem pelas escolas portuguesas. A primeira a ser conhecida foi o Agrupamento Escolar Vialonga. Nesse espaço, presenciamos o cuidado com a inclusão, o incentivo dado à leitura, e a competência dos gestores desse agrupamento.
Seguimos para o Agrupamento Eça de Queirós, onde destacamos a organização dos espaços culturais bem como o trabalho incentivador da boa convivência entre estudantes. Jovens de séries mais avançadas, tutelados pelo professor de filosofia, assumem o papel de mediadores de conflitos entre os mais novos, principalmente nos intervalos. Pareceu-nos um trabalho bem interessante, e com possibilidade de sucesso. Desse mesmo agrupamento, visitamos também a escola integrada de primeiro ciclo Vasco da Gama, e conhecemos seus diferentes espaços: ateliê, bibliotecas, salas de aulas e pátios. Tudo muito bem organizado para atender aos estudantes com cuidado e precisão.
Depois de visitarmos duas escolas particulares que primavam pelo cuidado e suntuosidade do local, encerramos nossas atividades intelectuais no Fórum Português de Administração e Educação. Neste espaço, participamos de palestras e mesa-redonda convergindo num precioso momento com a dra. Beatriz Bittencourt. O tema foi: "Escolas que aprendem, da escola burocrática à escola aprendente".
Que avaliação podemos fazer dessa viagem? Rui Canário cita, na página 14 de seu livro O que é a escola – um olhar sociológico, o seguinte pensamento de Claud Bernard: “A ideia é a semente''. Trouxemos muitas sementes, agora nos resta agregá-las ao nosso canteiro de conhecimentos. Depois, regar e cuidar de todas elas, para que se potencializem em inovações qualificadas para os gestores, para os docentes e estudantes.