Compromisso, gratidão e dois pequenos causos sobre o esporte.

Por Sidiney Souza, treinador de Handebol

Fazer esporte amador do Brasil é difícil. Lidar com esportes sem visibilidade, mesmo olímpicos, é tarefa para apaixonados.

Com bastante trabalho e dedicação dos alunos, o handebol passa por um momento especial e cresce a cada dia e, particularmente, na Escola da Vila que, ao longo dos anos, conseguiu fomentar, desenvolver e ter resultados técnicos surpreendentes, o que deixaria qualquer treinador orgulhoso. Mas, sabemos que, além de resultados, o esporte escreve inúmeras histórias e apresenta fatos marcantes que quero compartilhar com vocês.

Muitos alunos que se formaram na escola e entraram para a universidade, procuram os diretórios acadêmicos, se engajam nas equipes das faculdades e continuam jogando. Isso é paixão pelo esporte. Essa semente foi plantada na escola, ainda no Fundamental 1, onde eles conheceram pela primeira vez a modalidade, aprenderam os gestos e a jogar, a respeitar o grupo, suas tarefas e a se comprometer com os outros.

Mesmo aqueles que já terminaram a faculdade ainda se envolvem indiretamente com a modalidade, ajudando ou torcendo pelo crescimento desse esporte.

Um dia desses tive um jogo pelo clube que trabalho e um atleta se machucou. Fui levá-lo ao hospital e, no momento em que o médico o chamou, pedi para acompanhá-lo, dizendo ser seu treinador. Ao entrar no consultório o médico perguntou qual esporte praticava e o rapaz disse que jogava handebol. O médico abriu um sorriso dizendo que também havia jogado handebol: na Escola da Vila! Surpreso, fiquei feliz em descobrir que o havia acompanhado em muitos de seus jogos (nessa época eu era treinador apenas da equipe petiz e auxiliava as equipes dos mais velhos) além de ter sido professor de Educação Física do irmão mais novo. A consulta, que era para ser rápida, levou um tempão, pois, ficamos recordando o passado,  lembrando acontecimentos marcantes vivenciados com o esporte da escola (lógico que o atleta foi bem atendido!).

Isso me deixou muito feliz, porque pude então, perceber, o quanto a escola e o esporte colaboraram na formação desse médico, um ex-aluno e a gratidão que ele tem por tudo isso.

Num outro dia, dirigindo uma equipe da USP, tive a grata satisfação de reencontrar um antigo aluno, que também iniciou sua prática esportiva na Escola da Vila como petiz e foi até o 3º ano do ensino médio. O resultado do jogo não foi dos melhores para a minha equipe, pois, esse ex-aluno do time adversário, foi o destaque, mas fiquei orgulhoso em ver novamente a semente plantada nas escolinhas da Vila.

Estamos quase no final do ano e começa a chegar o momento de despedida de alguns meninos, que em poucos meses vão seguir suas vidas acadêmicas e  profissionais e se tornarão novos exemplos, como muitos que já passaram pela escola. Espero que eles possam também, nesta nova etapa, se divertir praticando esporte e construindo novas amizades.

Quero registrar, com enorme felicidade, meu agradecimento às famílias e a todos esses meninos, que são espelhos para quem começa a prática do esporte na Escola da Vila. Eles sempre jogaram com muito comprometimento e, mesmo no 3º ano do Ensino Médio, com o vestibular batendo em suas portas, estiveram presentes em treinos e jogos, além de, em sua última Olim Vila, jogarem brilhantemente, fazendo muitos alunos menores não piscar os olhos ao verem os seus ídolos jogando e defendendo o nome da escola.

Esses alunos partilharam conosco cada descoberta, dividiram medos, incertezas e inseguranças, mas, juntos, somaram entusiasmo, forças e alegrias, para que o esporte os tornasse campeões na vida.

O ano ainda não acabou. Ainda temos alguns (últimos) jogos para desfrutarmos e espero que, se esses alunos tiverem a mesma postura de comprometimento em suas futuras profissões como tiveram com o esporte, com certeza, terão o mesmo sucesso!