Quando começaram os acampamentos.

Por Vania Marincek

As saídas dos alunos para acampamentos começaram antes da implantação do F1. Era na classe de 6 anos que acontecia a primeira viagem do grupo. Era o último ano na Escola e a viagem constituía-se como um marco de crescimento e de despedida.

Prof. Tereza, Clice, Yara, Vania, Sônia e Beto. Acampamento Carroção, 1987Assim, quando iniciamos a implantação do  F1,  mantivemos a atividade por considerarmos o acampamento  um espaço diferenciado de convívio - entre as crianças e entre elas e os adultos, em que  vivem novas propostas, em outro espaço organizado de forma diferente do espaço escolar, e sem a presença da família, o que lhes possibilita construir recursos para a autonomia.

No início, levávamos todas as séries em uma mesma viagem. Era uma delícia, as turmas de diferentes idades se misturavam, convivendo e aprendendo juntos.

O acampamento era esperado com ansiedade pelas crianças e pelos pais, que viam nele a oportunidade de seus filhos viverem uma situação de crescimento em um contexto seguro e organizado para tal.

Acampamento Carroção, 1987.Nesses primeiros tempos o acampamento escolhido era o Sítio do Carroção. Os alunos dormiam todos em um  único alojamento, e o momento de chegada já era especial. Todos desfazendo as malas, os maiores ajudando os menores a arrumar a cama, a unir os beliches para que ninguém corresse o risco de cair no meio da noite.

Também nas brincadeiras havia o convívio de todos e os desdobramentos naturais das diferenças de idade. Lembro-me de uma vez, de  uma espécie de gincana em que cada criança, a cada prova cumprida, ganhava um risco de tinta na face. Assim, ao final do jogo, os participantes teriam o rosto todo colorido. No momento da  contagem de pontos para saber quem seria o vencedor, um grupo começa a discutir:

“_Gabriel, a gente perdeu por sua causa,” dizia uma criança de 3ª série para um pequeno, com quase 6 anos. E outra acrescentava:

“- Olha a sua cara, nem tem nenhuma tinta, você fez tudo errado!”

Ao que Gabriel respondeu, dando risada e encerrando a discussão:

“- Eu não entendi nada, mas eu se diverti!”

Roda em volta da fogueira, acampamento Carroção, 1988.Eram dias de muita descontração, em que as crianças aproveitavam ao máximo a viagem e aprendiam muito, especialmente sobre o convívio!