Meu filho do sexto ano está com um problema, quem vai ajudá-lo a resolver?

Por Vera Barreira

A chegada ao FII traz certa ansiedade não só aos alunos, mas também aos pais. Muitas coisas mudam nessa passagem: o grupo que conviveu por cinco anos no FI inteiro, o número de professores especialistas com quem vão trabalhar, o horário das aulas, algumas regras de convívio, mas o que mais percebemos que os alunos e os pais sentem falta é da “professora do meu filho”. Não temos mais “a” professora, daqui para frente teremos sempre “os” professores. E eles são mesmo muitos. No sexto e no sétimo ano os alunos têm 11 professores diferentes, no oitavo e nono são 12!

Mas, no FII temos os orientadores educacionais (OE)  num papel um pouco diferente do OE do FI.  O OE do FII passa a ser uma referência muito mais presente no dia a dia escolar dos alunos. Questões relativas às amizades, à organização geral, ao uso do espaço da escola, muitas das necessidades dos alunos são cuidadas pelos OEs do FII e seus assistentes.

No primeiro dia de aula, os alunos dos sextos anos são apresentados aos OEs responsáveis por sua turma e, pouco a pouco, vão conhecendo-os e se habituando com a ideia de que quando precisam de algo que não diga respeito diretamente às questões de sala de aula que os próprios professores cuidam, podem e devem vir nos procurar. Além disso, temos semanalmente uma aula de OE, nas quais trabalharemos em dois eixos principais; organização para os estudos e educação moral. No primeiro discutimos entre outros temas, o uso da agenda, o tempo de estudo em casa, o uso do armário, as formas de estudo para provas, as avaliações e as notas que compõem o conceito do trimestre, os alunos fazem autoavaliações para refletirem sobre seu desempenho nas diversas disciplinas. No segundo, a partir de textos, trechos de filmes, matérias de jornais ou mesmo situações trazidas pelos alunos tratamos de temas relacionados ao convívio, à amizade, ao público e privado, enfim temas que nos ajudem a discutir valores e atitudes com nossos alunos.

Durante este ano de mudanças, sabemos que os alunos vão passar por diversas situações de desafio, de conflitos, situações que podem gerar alegria, mas também angústias, situações que eles poderão lidar com tranquilidade ou que poderão ter sentimentos que normalmente mexem com os pais, como se sentir injustiçado pela professora, constrangido pelo colega, intimidado por um aluno mais velho, enfim, coisas pelas quais passamos na escola, um espaço repleto de crianças e adolescentes em formação.

O importante, nos parece, é que, diante de situações em que os pais percebam que o filho não tenha sabido lidar de forma a ficar tranquilo com o resultado, não tome uma atitude no lugar dele, mas sim, o encoraje a procurar a OE e buscar a ajuda necessária. Agir pelo filho é um impulso natural, mas de alguma forma isso sinaliza ao filho que os pais não o acham capaz de resolver suas questões escolares ou de amizades por si só, já que buscar ajuda de quem pode realmente ajudar é uma forma de resolver seus problemas. Os alunos precisam confiar em sua capacidade de se fazer ouvir, de argumentar em seu favor, de saber ouvir o outro lado, de voltar atrás, de se desculpar ou ouvir um pedido de desculpas. No FII, é importante que os alunos aprendam a achar as formas mais adequadas e eficazes de resolver suas questões com autonomia e independência dos pais. Afinal, eles estão crescendo e esse é o caminho natural e saudável de fazê-lo!