O professor construtivista de Educação Física

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Por Marcola – Professor de Educação Física

A concepção construtivista de ensino e aprendizagem se estrutura a partir de uma explicação global, articulada e coerente de como os alunos aprendem em situações educativas escolares, e de como os professores podem contribuir para que seus alunos aprendam mais e melhor. Tal concepção parte do fato óbvio de que a escola torna acessíveis aos seus alunos aspectos da cultura que são fundamentais para seu desenvolvimento pessoal, não só no âmbito cognitivo, mas também nos aspectos sociais, afetivos e motores.

Nesse sentido, o professor de educação física cumpre um papel essencial, pois é ele o responsável pelo oferecimento de situações de aprendizagens que promovam o desenvolvimento motor competente de seus alunos. Tal tarefa exige a necessidade de revisar algumas noções que historicamente tem funcionado como norteadoras das ações pedagógicas da educação física escolar. Uma delas, certamente a mais determinante, é a prática pela prática, sem reflexão. A prática, quando entendida apenas como repetição mecânica, não leva o indivíduo ao planejamento da ação, ao intercâmbio de pontos de vistas, a conceitualização e a tantos outros elementos relevantes no ensino de educação física.

Vejamos como exemplo a utilização do jogo na aula de educação física. Quantos alunos ainda hoje passam por um professor que só “rola a bola” e separa os grupos. Será que para esse tipo de intervenção é necessário um professor? Certamente não. Quando nos referimos a atuação de um professor construtivista com os jogos motores, estamos pensando em alguém que planeja, que se preocupa em oferecer as melhores situações de aprendizagem possíveis, que se preocupa com a participação de todos, que incentiva a relação entre as crianças, as diferentes formas de agrupamento e assim por diante.

Não há, portanto na concepção construtivista espaço para os professores preguiçosos, mas há muitos professores preguiçosos que procuram falhas em suas atuações na concepção construtivista, afinal é muito fácil distorcer afirmações como “na concepção construtivista o aluno é o responsável último de sua aprendizagem”, ficando o professor assim livre para apenas “rolar a bola”.