MITO: Os alunos fazem o que querem.

Por Tucha – professora do Grupo 3C

A escola é a responsável por ações educativas intencionais, tem metas e objetivos a alcançar, portanto em nenhuma escola responsável, tradicional ou construtivista, seria possível que os alunos ditassem o ritmo das aulas ou escolhessem o que querem fazer. Na Escola da Vila isso não acontece nem na Educação Infantil! Vejamos um exemplo.

As professoras de Educação Infantil planejam encaminhamentos e intervenções que propiciam uma progressiva autonomia dos alunos. Para isso, diariamente convidam os pequenos a atuar como ajudantes do dia, auxiliando as professoras em tarefas que gradativamente vão se tornando cada vez mais complexas, e que progressivamente vão sendo realizadas sem apoio direto do adulto. Isto não quer dizer que as crianças possam fazer o que querem, de qualquer jeito e nem que estas tarefas sejam puramente burocráticas.

Atuando junto à professora e/ou aos colegas, o aluno incorpora às suas ações, novas possibilidades que o farão mais capaz de resolver os problemas e questões que surgem. Em uma concepção construtivista de ensino aprendizagem tem-se como princípio a idéia de que as crianças, quando atuam juntamente com alguém mais experiente, podem chegar a fazer algumas coisas que não conseguem fazer sozinhas. Além disso, nesta perspectiva, outras dimensões do desenvolvimento dos alunos são valorizadas. Refiro-me à construção da personalidade moral, de atitudes e valores, como justiça, respeito, solidariedade. Portanto, professores construtivistas não se ocupam somente da formação acadêmica de seus alunos. Preocupam-se com a formação de cidadãos. Cidadãos que possam contribuir para a construção de sociedades mais justas.

No caso dos ajudantes do dia, as tarefas como a organização do espaço físico antes e após a realização de diversas atividades que fazem parte da rotina, tais como a organização dos materiais para as oficinas de arte, a preparação das mesas de trabalho (que inclue forrar com plástico ou jornal, despejar as tintas nos copos, separar pinceis, distribuir aventais), implicam uma série de aprendizagens que vão desde a contagem e apropriação de uma estratégia de base para resolver problemas aritméticos, até a idéia de viver em grupo e de colaborar para o bem coletivo.

Essas ações contribuem diretamente para aumentar o sentimento de potência e de pertença ao grupo!  Se, por um lado, os alunos sentem prazer em realizar estas atividades, por outro, não são opções discutíveis tampouco modismo, trata-se de princípio de trabalho, de visão de educação e de mundo. Esse também é um compromisso que assumimos como professores da Escola da Vila.