Afinal, a Vila prepara ou não os alunos para o vestibular?

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Por Sonia Barreira

Mais cedo ou mais tarde, esta pergunta se coloca para as famílias que têm os filhos aqui. Uns pensam que não, mas que isso não importa tanto, se a escola lhes der uma boa formação e preparo para enfrentar o que vem depois da escolaridade básica. Outros pensam que sim, afinal conhecem um grande número de ex-alunos frequentando excelentes universidades. Há aqueles que ainda têm dúvidas e acham que o discurso da escola não é muito claro. E há os que reclamam que a escola não disponibiliza suas estatísticas.

Bem, a verdade é que esta é uma questão complexa. Nós mesmos poderíamos dar respostas distintas, como os diferentes grupos de pais. Vejamos a seguir algumas delas.

Sim, preparamos os alunos para enfrentar os vestibulares, se isso quer dizer ter um currículo rico e completo, que abarca os conteúdos cobrados em todas as disciplinas. Sim, se isso quer dizer oferecer revisões, simulados, discussões sobre os tipos de prova que cada vestibular pratica. Sim, se isso implica oferecer vivência de provas longas, com diversos tipos de questões. E a resposta seria sim, se também estivéssemos nos referindo a prepará-los para a escolha, mostrando os diferentes tipos de faculdades e seus exames, ajudando-os num processo de autoconhecimento e facilitando a construção de um projeto de futuro.

Mas também poderíamos responder NÃO, se esta preparação significasse tornar os vestibulares o mais importante tema do Ensino Médio. Seria um não convicto, caso implicasse separar os alunos por nível de aprendizagem (ou por notas), ou ainda pressioná-los com os mais diversos mecanismos de competição entre eles. A resposta poderia continuar sendo negativa, no caso de estarmos considerando colocar o projeto formativo destes alunos em segundo plano e renunciarmos a atividades e conhecimentos que não impactam diretamente nos exames vestibulares, como os trabalhos de campo, a valorização do teatro, da poesia, dos projetos de investigação em ciências naturais, do uso consistente da tecnologia, da participação no grêmio escolar, e tantas outras situações significativas para o projeto pedagógico da Escola da Vila.

Assumimos que nosso projeto é propedêutico, uma vez que prepara o aluno para seu futuro, mas, por outro lado, pensamos que há inúmeras possibilidades para o futuro, o que torna nossa missão mais complexa e rica.

Não gostamos de mostrar números, porque eles mascaram conquistas e valorizam falsos sucessos. Gostamos de analisar cada caso, de cada aluno, e garantir a todos os pais que seus filhos, sejam eles como forem, terão espaço em nosso projeto pedagógico.

Por isso, decidimos tomar conta deste blog por uns dias, para contar a vocês algumas destas histórias, nas palavras de nossos próprios alunos. Vocês verão que há aqueles estudiosos, que têm muita facilidade de estudar, que entram nas faculdades mais concorridas deste país; verão também aqueles que precisaram superar dificuldades imensas para ascender a uma universidade de primeira linha, porém privada. Há os que não estudaram o suficiente, ou não sabiam o que queriam, e têm planos de cursinho, viagens, outras experiências. Infelizmente, há os que estudaram e se frustraram, pois “não foi desta vez”, mas certamente do próximo ano não passa. Há os que têm outros planos e se veem obrigados a ir para uma universidade por pressão familiar. Tem os que não queriam passar (ah, tem!) e tudo bem, não passaram mesmo. E tem aqueles que se surpreenderam com a aprovação.

Conhecer suas histórias pode ajudar aos pais dos alunos mais novos a relativizarem os números, as estatísticas e valorizarem o que temos de melhor nesta escola: o apoio à singularidade de cada aluno.