O trânsito no cotidiano da Escola

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Por Vania Marincek

Quem passa na frente da escola no início da manhã, no horário de almoço ou no final da tarde não imagina a quantidade de cuidados e de ações que são necessários para que os alunos entrem e saiam da escola em segurança. São muitos aspectos a serem considerados, desde a decisão por portões diferentes para quem entra e para quem sai, a fim de garantir o fluxo e a segurança dos alunos, até a organização do espaço da rua, para que os pais possam buscar e deixar seus filhos com rapidez.

Todo início de ano, procuramos equacionar todas as variáveis, para obter um funcionamento ajustado e eficiente, revendo os procedimentos já estabelecidos e fazendo os ajustes que consideramos necessários para que o funcionamento desse horário aconteça da melhor forma possível.

Sistematicamente acionamos os órgãos responsáveis pelo gerenciamento do trânsito em nossa cidade, para solicitar a inclusão de uma nova faixa de pedestres ou uma nova elaboração de um plano que melhor atenda o trânsito nas regiões ao redor da escola, mas nem sempre o que consideramos bom para nossa comunidade pode ser viabilizado. Existem normas de organização de trânsito que não possibilitam algumas de nossas solicitações. Como exemplo, citamos a colocação de novas faixas de pedestre nas ruas da escola. No Morumbi, fizemos a solicitação ao CET e fomos atendidos. No Butantã, no entanto, a solicitação para uma faixa para a Rua Barroso Neto, próxima ao estacionamento, não foi atendida, e fomos informados de que não é possível colocar faixa de pedestre no fim de uma ladeira. Nesse mesmo local, também pedimos um semáforo com botão para travessia, que também não pode ser instalado pelo mesmo motivo.

Sabemos que alguns aspectos dessa organização dependem de nosso gerenciamento, outros de leis e regras de funcionamento de trânsito, e são externos a nossas decisões, mas sabemos, também, que o bom funcionamento de toda proposta de organização depende, e muito, da participação responsável de toda a comunidade. Parar em filas duplas, estacionar em garagens e desconsiderar as solicitações dos funcionários da escola são exemplos de atitudes que comprometem o próprio funcionamento da estrutura montada, gerando um verdadeiro caos nas ruas ao redor da escola.

Muito mais grave do que a desorganização gerada na rotina por aqueles que desconsideram as regras é o que se comunica aos nossos filhos com essas atitudes. As crianças, os adolescentes e os jovens se constituem através da observação e da reprodução dos modelos que presenciam. Dificilmente pensarão no coletivo, se seguirem presenciando cenas em que a vontade individual se sobrepõe ao bem-estar da comunidade. Essa é uma reflexão importante, que todos os que se ocupam de educar deveriam compartilhar. Nilton Bonder, em artigo na Folha de São Paulo, faz uma análise do papel de quem conduz um carro. “Quem conduz um automóvel é uma consciência”, diz ele.

O debate, a discussão e o diálogo sobre estas atitudes são sempre fomentados por nós, porque são importantes para que possamos ajudar a todos a tomar consciência desta situação. No entanto, é preciso lembrar que a escola, como instituição, tem seus limites de tempo e pessoas e deve priorizar, sempre, a educação de seus alunos.