Ensinar a aprender: uma possibilidade concreta.

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Por Sônia Barreira

O engajamento no processo de aprendizagem, a motivação genuína e a curiosidade natural são elementos fundamentais para a construção do conhecimento na escola.

Se por um lado, conhecemos estas ideias a fundo, por outro, sabemos o quanto nos custa obtê-las em sala de aula, com todos os alunos, em diversas disciplinas.

Em momentos diferentes da história da educação, especialistas  envolvidos nesta difícil missão desenvolveram estratégias, teorias, métodos e abordagens variadas visando atingir seus objetivos. Hoje sabemos que não há respostas totalmente suficientes e precisas que resolvam todos os obstáculos que surgem no dia a dia da sala de aula. Por isso, a tendência dominante nos grupos de profissionais da educação é a criação de comunidades de aprendizagem, nas quais as  boas práticas possam ser compartilhadas e a construção de soluções possa contar com contribuições diversas.

Mas isso também não e fácil, pois as realidades das escolas são muito diversas, e a transposição de métodos e encaminhamentos nem sempre são tarefas fáceis. Ainda assim, tem se tornado comum a reunião de grupos de educadores de regiões diferentes, em contextos de aprendizagem variados, até mesmo com concepções distintas de educação. Comunidades de aprendizagem, rede de boas práticas, ou simplesmente troca profissional, são cada vez mais comuns.

A viagem ao Canadá com 26 profissionais da educação está sendo um bom exemplo desta busca. Profissionais de diversas instituições, de várias regiões do país, juntaram-se a nós para conhecer novas experiências.

Na primeira etapa desta excursão pedagógica o grupo encontrou-se com pesquisadores, professores, diretores de escola, técnicos do ministério da educação, e até mesmo especialistas em inovação em grande escala. Observamos classes, ouvimos apresentações de alunos, recebemos palestras, debatemos, perguntamos e nos encantamos com a generosidade dos canadenses.

O Knowlegde Building, metodologia desenvolvida pela equipe da professora Marlene Scardamalia e Carl Bereiter, recebe nos próximos meses uma nova versão de sua plataforma digital, e poderá ser usada por todos aqueles que se interessarem.

A potência da ferramenta, que permite a construção colaborativa de conhecimentos, é muito grande, mas mais importante ainda são os 12 princípios pedagógicos que configuram a metodologia, estes podem estar presentes em propostas que usam ou não a tecnologia. No entanto, o ambiente virtual entusiasmou demais o grupo. Entre  tantos recursos e possibilidades importantes que ajudam a explicitar e valorizar os princípios da abordagem proposta destacamos um deles: as ferramentas discursivas.

Essas ferramentas apoiam o processo de construção de conhecimentos favorecendo sobremaneira os processos metacognitivos, pois além de oferecerem um percurso produtivo para a organização das informações, hipóteses, socializações, induzem o aluno a refletir todo o tempo sobre o que está fazendo para conseguir aprender.

Desta maneira, pensando sobre o pensamento, fica evidente que o velho sonho da escola construtivista, de ensinar a aprender, se realiza com profundidade.