Projetos, projetos, projetos... Ora, estamos falando da mesma coisa?

Por Sônia Barreira

Todos, pais, professores, alunos, já ouvimos falar em projetos nas propostas das escolas, não é mesmo?

Essa palavrinha mágica parece enfeitar qualquer tipo de proposta nas escolas modernas. Já ouvimos contar de projetos temáticos, projetos de investigação, projetos interdisciplinares, projetos integrados, projetos didáticos e mais outros tantos que povoam o repertório pedagógico construtivista, mais ou menos construtivista ou pseudo-construtivista. Há até aquelas escolas tradicionais, que dizem que trabalham de modo "híbrido", tradicional em Matemática e com projetos em Língua.

Bom, então nunca sabemos se estamos falando do mesmo quando alguém nos relata uma experiência com projetos!

Aqui no Quebec, tivemos a grata surpresa de encontrar uma escola em que se trabalha com projetos, e não importa de que tipo, mas projetos que respondem a certas condições didáticas que resultam em aprendizagens consistentes, alunos motivados, professores envolvidos e resultados em avaliações externas de fazer inveja a qualquer escola vencedora dos rankings do ENEM!

Trata-se do Protic, projeto desenvolvido em parceria com a universidade local, que tem por princípio algumas das formulações do Knowledge Forum. Nada que a história da pedagogia já não tenha proposto em momentos diferentes, com nomes distintos, mas de fato semelhantes!

O professor lança uma proposta, e os alunos devem enfrentá-la em gupos: fazer um jogo com os conteúdos estudados em história, com a condição de que a proposta seja exequível e que se possa, de fato, jogar; fazer um filme, com roteiro, filmagem, edição e participação em concurso (tipo Oscar), envolvendo toda a comunidade; identificar ambientes de preservação ambiental no Canadá, desenvolver uma estratégia para que as pessoas se interessem em conhecer e definir procedimentos de preservação; enfim, nada tão diametralmente oposto ao que tantos de nós já tentamos fazer em tantas escolas brasileiras. Mas, para a execução destes projetos, além do uso integrado das tecnologias, encontramos professores entusiasmados, comprometidos e com muita clareza de onde pretendem chegar com estas propostas.

Além disso, cada um deles está convicto de que o trabalho é do aluno, e que seu papel é ajudar, apoiar, problematizar e viabilizar a consecução dos objetivos. E, assim, com este ingrediente fundamental, encontramos a diferença! Os doze princípios do KF sustentam as tomadas de decisão destas equipes.

"Se queres avançar, faça-o com uma teoria" - título de um texto tão importante para nossa equipe, nos mostra novamente o valor de um suporte teórico para as escolhas dos docentes.

Saímos de lá todos boquiabertos com o que vimos. Éramos mais de vinte brasileiros visitantes, que invadiram as salas de aula, falando, fotografando, perguntando... E os alunos? Educadamente nos respondiam, mas entusiasmadamente continuavam trabalhando! Concentradamente pesquisavam, trocavam ideias, escreviam, construíam seus conhecimentos, ao mesmo tempo em que explicavam-nos seus percursos e argumentavam a favor desta metodologia.

Nosso respeito e admiração pela equipe de professores do Protic. Nosso respeito e admiração pela equipe da universidade que os apoia. Nosso respeito e admiração pela direção escolar, que soube inovar e manter a equipe.

Nosso profundo desejo de nos aproximarmos mais e mais desta utopia!