Pensando no corpo

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Por Larissa Glebova 

Foi pensando em como meu corpo entra em contato com as coisas do mundo e se desenvolve a partir do que foi experienciado, revelando novas formas de pensar, de sentir alegria, de refletir e de agir, depois de um longo tempo sendo deixado de lado e esvaziado das atribuições de sentido, que meu olhar encaminhou-se para a observação da prática educativa e, assim, para a investigação dos potenciais do corpo nas aulas de arte, mesmo que dentro de uma pesquisa inicial.

O corpo comunica e estabelece relações com tudo à nossa volta. Ele é também o registro de nossa história e experiências. As primeiras experiências na vida são corporais; a criança percebe e se relaciona com o mundo por meio das sensações visuais, físicas e auditivas, gerando um inconsciente corporal. Às vezes, ao olhar a postura do corpo de alguém que conhecemos ou os movimentos realizados, conseguimos compreender o que aquela pessoa queria expressar ou como está se sentindo. Quando acontece algo que não esperávamos e nos assustamos ou somos surpreendidos, imediatamente o corpo salta ou recua, antes de analisarmos racionalmente o que está acontecendo.

Na arte, o corpo há muito tempo tem seu espaço como forma de expressão. Quando falamos em expressão do corpo, naturalmente pensamos em teatro e dança, mas o corpo também está presente nas artes visuais. Muitos trabalhos de arte utilizam o corpo do artista ou pedem que o corpo do espectador participe na apreciação ou interação.

As aulas de arte acontecem na oficina, um espaço bem diferente da sala de aula. Quando as crianças entram nesse espaço, o corpo se expande, entra em sintonia com o lugar. Não temos carteiras, não existe lugar certo para se sentar e, a cada aula, esse espaço pode ser alterado, na disposição das mesas, bancos, uso da varanda, etc. Será que as atividades precisam ser feitas usando a mesa como apoio para o suporte a ser trabalhado, e o banco como apoio do corpo?

É comum observamos uma criança desenhando e, ao mesmo tempo, ela está movimentando alguma parte do corpo, está cantando ou prefere desenhar em posições não convencionais. Nas crianças, o corpo e o pensamento estão juntos.

Algumas propostas podem estimular o uso do corpo, como utilizar o chão para apoio de um trabalho grande, usar o banco para um trabalho muito pequeno, utilizar a parede para apoiar a folha e trabalhar verticalmente, experimentar outra parte do corpo para desenhar, experimentar uma brincadeira dançada da cultura popular, etc. Muitas são as possibilidades que podem convocar o corpo com a prática artística em ateliê.

O corpo é poesia. O corpo é pensamento. O corpo é relação. O corpo é expressão. O corpo é ação, é arte. O corpo é uma festa!