Ser da Vila

ABERTURA
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Por Sônia Barreira

Neste último sábado a Escola da Vila abriu suas portas para o início da 24a Olim Vila, com direito a juramentos, Hino Nacional, show de acrobacias e maculelê, e participação intensa de toda a comunidade Vila – pais, familiares, professores, funcionários, alunos, direção. Todo ano é assim. Mas, mesmo conhecida e repetida ano a ano, a experiência vivida encanta e intriga! Encanta pelo envolvimento de todos, e intriga pela grande adesão.

Por que numa noite fria de sábado tantos alunos (e ex-alunos!) estão presentes para prestigiar uma cerimônia conhecida? A resposta é múltipla e requer certa análise do papel que o esporte escolar cumpre na formação dessas crianças e desses jovens.

Neste ano nossa ex-aluna e campeã brasileira de tiro com arco, Marina Canetta – convidada de honra para acender a Tocha Olímpica − nos ajudou a compreender um pouco mais sobre este fenômeno que testemunhamos ano a ano. Emocionada, disse a todos da importância de sua trajetória esportiva na Escola da Vila para sua formação atual, como atleta de alta performance, e como pessoa. Recomendou aos alunos presentes que aproveitem seus treinamentos e jogos ao máximo, pois quando saírem da escola vão se dar conta do quanto essa vivência é significativa, formativa e estruturadora de suas vidas.

Para nós, adultos, na plateia, suas palavras e o reconhecimento da importância do papel de seu treinador, professor Júlio, que veio com um abraço apertado, foi suficiente para nos emocionar também.

Washington Nunes, coordenador do setor de Esportes e Educação Física da Escola da Vila, e o grande responsável pelo sucesso desta empreitada, em seu discurso, alertou a todos os presentes sobre a visível diminuição do tempo de dedicação ao corpo que observa hoje nas crianças e nos jovens, e sobre a facilidade com que o esporte tem sido usado para provocar agressões físicas e verbais.

Marcola, coordenador da Capoeira citou um treinador atual, reforçando a ideia de que, no esporte, as derrotas são tão importantes quanto a vitória, e que há outros aspectos fundamentais da experiência esportiva que valem a pena.

O evento terminou com uma linda vitória do time de futsal juvenil masculino, cujos atletas, em sua maioria, se formam e se despedem este ano da Vila. A motivação para vencer foi muito grande!

A partir dessas falas e desses acontecimentos – a emocionante participação de Marina Canetta, o discurso certeiro do nosso grande líder e inspirador, Washington, e da motivação para a vitória de nossos alunos, fui para casa pensando sobre o sentido da prática de esportes e da Olim Vila em nossa comunidade, as quais partilho com vocês a seguir.

1) A prática esportiva e a participação em competições no âmbito escolar, quando são parte de um projeto educacional alicerçado por princípios claros podem ter uma eficácia imensa para a formação integral dos alunos. É neste âmbito que os alunos podem desenvolver processos importantes de autoconhecimento (identificando suas potencialidades e fragilidades físicas e emocionais);  de perseverança (construindo a ideia de que a insistência no treinamento pode levá-los a melhorar suas capacidades e habilidades); de relações interpessoais significativas com colegas e técnico (que, no caso da Vila, atuam muito além do campo das habilidades físicas, como educadores que identificam e potencializam as experiências e vivências importantes para cada aluno).

2) A escola como o lugar de resistência, de insistência para a prática das atividades físicas, para a frustração e a cooperação. Num mundo onde as famílias têm a tendência de proteger os filhos de vivências negativas, de insucessos e frustrações, o esporte é a garantia dessas importantes experiências pessoais, pois não há como conhecer apenas a vitória, não há como não identificar um ponto fraco que temos dificuldades para superar. Desta forma, creio que os alunos não vêm apenas atrás da diversão e da vida em grupo quando optam por treinar, eles vêm em busca dos desafios, e cabe a nós mostrar que para vencê-los haverá derrotas e sofrimentos. Como suportá-las? Como superá-las? Nesse contexto, nossos treinadores têm um papel crucial, e o desempenham com maestria.

3) A motivação e o sentido de pertinência a uma comunidade como motor da união, do congraçamento e da cooperação.  O esporte, no nosso projeto pedagógico, tem um forte sentido de cooperação, sem as habilidades de trabalho em grupo, nossas equipes não vencem. E é desta experiência que nasce o sentimento de pertinência que tanto motiva nossos alunos, para jogar e para torcer.

Um outro fato a ser destacado é o funcionamento da equipe de professores, treinadores, auxiliares e estagiários. Na equipe de Washington, todos se destacam, e todos trabalham para o coletivo. Modelam o trabalho em equipe de modo exemplar.

Orgulho de ser da Vila!