Quem ri por último ri melhor?

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Alunos dos 1º anos do Ensino Médio assistem ao documentário “O Riso dos Outros”

Por Joana Neves, Lucia Miguez, Sofia Rayol e Susane L. Sarfatti 

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“No âmbito intelectual, autonomia significa autogoverno assim como heteronomia é ser governado por outrem. Um exemplo extremo de autonomia intelectual é o de Copérnico, que inventou a teoria heliocêntrica quando todos os demais acreditavam que o Sol girava ao redor da Terra. Chegou a ser ridicularizado e afastado da cena acadêmica, mas foi autônomo o bastante para continuar convencido de sua própria ideia.”
Constance Kamii

Estamos envoltos em uma série de dilemas morais e éticos em nossa vida diária, até nas atividades mais simples, como assistir a um standup. O documentário “O riso dos outros” propõe questionarmos: Do que rimos? Por que rimos? O que o nosso riso revela? Quem é o alvo da piada? À medida que o filme avança, sentimo-nos impelidos a refletir sobre os nossos valores e passamos a perceber que a ética é relativizada por alguns homens do riso fácil.

Assim, no início da projeção, os alunos riam bastante, mas, no decorrer do documentário, percebemos a gravidade dos assuntos das piadas, muitas vezes preconceituosos, o impacto delas para quem as ouve e ri sem perceber que são politicamente incorretas, e o efeito que podem ter na sociedade, gerando mais preconceito. Depois de alguns minutos do filme, o riso foi diminuindo até chegar a um silêncio absoluto. No entanto, também é possível perceber uma leve mudança nos temas das piadas: de mais inocentes para mais agressivas, reafirmando a opressão a grupos de minorias existentes em nossa sociedade.

O filme é feito de entrevistas com pessoas que defendem a piada politicamente incorreta ou não, personalidades como o cartunista Laerte, humoristas Danilo Gentili e Rafinha Bastos, o deputado Jean Wyllys e muitos outros. Vemos, ao longo dos depoimentos, inúmeras opiniões de lados opostos, porém, este claramente não é neutro, e o espectador muitas vezes cria ou embasa melhor uma opinião a partir daquilo a que assiste. Fica claro que rir primeiro ou por último de uma comédia é bem diferente do que rir de uma ofensa.

O documentário traz reflexão e conscientização sobre um assunto aparentemente banal, mas com consequências graves, dependendo do seu uso. Logo, o filme propõe que rir das minorias, de quem já é discriminado sempre, é fácil; o difícil seria rir de quem sempre discrimina, encontrar na classe opressora algo para nos fazer rir.

No final, cada aluno deixou seu depoimento em pequenos papéis coloridos formando uma impressão geral da classe, permitindo-nos compartilhar as reflexões com outros alunos de forma autônoma e anônima. É muito interessante lê-las, a perspectiva de cada um é única, o que nos ajudou a ter uma visão mais ampla do documentário.

Para quem ainda não viu, segue o link para o filme: O Riso dos Outros